Descrição
Em Trocando em miúdos as minhas canções, Francis Hime descreve e comenta o seu processo de criação, examinando, numa linguagem leve e acessível, várias circunstâncias e influências presentes na elaboração de suas obras. Com este objetivo, percorre os meandros da memória, valendo-se de lembranças, especulando sobre fatos vividos e trazendo curiosidades sobre a relação com seus parceiros e companheiros de estrada. Indicado ao Prêmio Jabuti 2018 Ensaios e Artes, este livro oferece 352 QR-Codes com exemplos sonoros das músicas analisadas, que podem ser ouvidos no celular dos leitores.
Dividido em dez capítulos dedicados aos vários campos de atuação profissional musicais e à sua formação pessoal, a obra é uma história de amor à música e aos parceiros com os quais compôs melodias como “Sem mais adeus“, “Vai passar”, “Atrás da porta”, “Trocando em miúdos”, Minha e “Passaredo”. “Sempre gostei de compor com vários parceiros”, afirma Francis. “Por mais que uma determinada parceria se complete de maneira bem-sucedida, é muito bom o desafio de ter um novo colaborador e o gostinho de não saber no que vai resultar.”
Francis também examina várias trilhas que escreveu para cinema, como Dona Flor e seus dois maridos, A estrela sobe e Lição de amor, ou ainda para teatro, como O rei de Ramos. A produção para música de concerto não é deixada de lado, com destaque para a Sinfonia do Rio de Janeiro e o Concerto para violão e orquestra.
Na obra, acompanhamos desde as primeiras dedilhadas de Hime no piano de casa a suas escapadas noturnas enquanto a mãe dormia, para ouvir música nos bares do Rio; suas primeiras apresentações; os “causos” privados e públicos das canções; as artimanhas para enganar a censura; as festas musicais que podiam durar mais de um dia – como na casa do poeta Vinicius de Moraes – e gerar algumas das canções.
A análise e citação de suas composições, bem como de compositores que o influenciaram, vem acompanhada de uma gravação que pode ser ouvida por meio dos 352 QR-Codes distribuídos ao longo do livro, nos quais Francis analisa o caminho que possivelmente seguiu ao compor determinada canção. “Muitas vezes – diz ele –, esses caminhos são meras suposições, embora me pareçam bastante reais. Outras tantas, podem ter realmente acontecido…
“A ideia, que foi trazida por Olivia Hime, é que os QR-Codes proporcionem ao leitor uma experiência mais profunda, unindo a leitura e a apreciação musical”, afirma Mary Lou Paris, editora da obra. De certa forma, a exemplificação sonora complementa o que é escrito no livro, tornando mais claros os comentários. “Por funcionarem como citações, os QR-Codes são identificados numericamente e é preciso ler o texto para saber do que tratam”, completa.
Cerca de 150 canções foram gravadas em estúdio no formato piano e voz pelo próprio Francis, especialmente para este livro, e outra grande parte são fonogramas que já existiam, com vários cantores amigos e colegas de Francis que fizeram questão de participar desta celebração.
Influenciado tanto pela música clássica quanto pelos ritmos populares brasileiros – samba, valsa, marcha-rancho e os gêneros que surgiram da antropofagia de estilos –, Hime dá nova vida a canções que podem ter ficado perdidas no tempo e sintetiza, a partir de sua trajetória, um dos períodos mais ricos de nossa música brasileira.
Sobre o autor
Francis Hime é autor de algumas das melhores canções em todos os tempos, a exemplo de Trocando em Miúdos, A Noiva da Cidade, Passaredo, Embarcação, Vai Passar e as já citadas Atrás da Porta e Meu Caro Amigo (essas com letra de Chico Buarque). Francis também escreveu melodias antológicas como Saudade de Amar e Anoiteceu (letradas por Vinícius) e Choro Incontido (com Paulinho da Viola) entre dezenas de pérolas da MPB.
Como arranjador e orquestrador, Hime para vários artistas como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Clara Nunes, Olívia Hime, Toquinho, Fafá de Belém, MPB-4 e Chico Buarque (para quem assinou também a direção musical dos LPs Meus Caros Amigos, Ópera do Malandro, Vida e Almanaque), além de escrever quase todos os arranjos do LP Chico Buarque 1978.
No campo da música clássica, escreveu a Sinfonia nº 1 e o Concerto para violão e orquestra, em três movimentos, dedicado a Raphael Rabello. Também compôs a trilha sinfônica Suíte da Terra Encantada, com textos de Olívia Hime e Paulo César Pinheiro. É autor ainda da “Fantasia para piano e orquestra” e da Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião, peça cantada, com letras de Paulo César Pinheiro e Geraldo Carneiro, em cinco movimentos.
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