Duo Siqueira Lima – Dois Violões em Concerto – CD Físico
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• Formato: CD Físico
• Compositores: André Mehmari e Radamés Gnattali
• Número de Faixas: 10
• Entrega para todas as cidades brasileiras
25 em estoque
SKU: 7898619148960
Categoria: Discos
FAIXAS
ANDRÉ MEHMARI
Portais Brasileiros 4 – A Saga dos Violões
Para dois violões e pequena orquestra (2023)
01. Introdução
02. Corta-Jaca
03. Choro-Canção
04. Baião Caipira
05. Polca Carioca
06. Valsa de Esquina
07. Tempo Primo e Coda
RADAMÉS GNATTALI
Concerto nº3 – Para dois violões
com flauta, tímpanos e orquestra de cordas (1981)
08. I. Allegro
09. II. Expressivo
10. III. Ritmado
Duo Siqueira Lima: Cecília Siqueira (violão) | Fernando de Lima (violão)
Orquestra GRU Sinfônica – Guarulhos/SP
Regência: Emiliano Patarra
SOBRE O DISCO
Portais Brasileiros 4 – A Saga dos violões – André Mehmari
Fantasia para dois violões e pequena orquestra escrita em 2023, Portais Brasileiros 4 faz parte da série de Portais que venho escrevendo nos últimos anos, começando com os dois primeiros, ambos para Cordas, oboés, fagote e trompas.
Há muitos anos sonhando essa parceria, eu e o Duo Siqueira Lima finalmente concretizamos a parceria nesta gravação.
O discurso musical de natureza fluida e rapsódica, embora sem pausas, pode ser dividido em sete principais “momentos musicais”. Uma introdução etérea (explorando a ressonância reverberante das cordas soltas e harmônicos) começa gradualmente a dar espaço a um movimento mais constante e pulsado (ostinatos e harpejos), como o de um antigo trem a vapor que parte de uma estação interior sem um destino final precisamente traçado. Como dizia Guimarães Rosa: a verdade não se encontra nem na partida nem na chegada mas sim nas veredas entre os dois pontos.
Os viajantes, claro, são nossos heróis empunhando seus violões voadores acompanhados por uma orquestra de câmara, enxuta porém generosa em seus possíveis coloridos sonoros: cordas, madeiras, duas trompas e tímpanos.
Pelo caminho, os solistas-viajantes vão se deparando com paisagens características brasileiras – e por isso – tão contrastantes e barrocas em seus extremos de afetos. Daí extraí o subtítulo “a saga dos violões” — por entender a peça toda como uma odisseia na qual os violões são a um só tempo protagonistas e observadores ativos do trajeto.
Alguns movimentos foram diretamente inspirados em características ou “marcas registradas” destes dois virtuosos e versáteis artistas. Assim, o tema do choro-canção brota da própria sonoridade milagrosa de Cecília Siqueira e o baião caipira remete às origens mineiras deste exímio arranjador e violonista (e querido amigo!), Fernando Lima.
Após uma delicada Valsa de Esquina inspirada na melhor de nossas tradições melódico-harmônicas, uma recapitulação variada do primeiro “ambiente” musical nos faz crer e “encarar” a chegada como um recomeço: num ciclo eterno de chegadas e partidas. E nunca somos os mesmos depois de cada viagem!
Em suma, para mim Portais Brasileiros 4 é a realização de um sonho antigo: compor para o Duo que admiro e acompanho de longa data e receber a ótima Orquestra de Guarulhos sob o comando de Emiliano Patarra no meu Estúdio Monteverdi, fazendo a primeira grande gravação orquestral no espaço que desenhei para esta finalidade! Coroando o encontro, temos no mesmo projeto a gravação de uma importante obra do visionário Radamés Gnatalli, uma de minhas grandes referências, com seu Concerto Carioca.
Após a secura e as inevitáveis limitações de uma pesada pandemia mundial, viajar no trem de uma celebração assim ganhou uma conotação ainda mais potente: se o sertão é dentro de nós, ter músicos assim para traduzir em sons o que vai em nosso interior é um grande privilégio e um inesquecível presente.
Obrigado,
André Mehmari
Concerto Nº 3 – para dois violões
Com flauta, tímpanos e orquestra de cordas
Radamés Gnattali
Em 1972, fomos agraciados com uma partitura singular através da intercessão de nossa estimada mentora, a brilhante Monina Távora: o concerto composto por Radamés Gnattali, destinado a dois violões, um oboé e cordas. Esse momento se destaca como um marco na jornada do Duo Assad, marcando o início de uma relação significativa com Radamés, que perdurou até seu falecimento em 1988. O fruto musical dessa colaboração foi notável, resultando em várias outras composições que floresceram ao longo dos anos. Entre elas, ressalta-se a revitalização de obras anteriormente criadas por ele, incluindo outro concerto originalmente concebido para violão solo, dedicado a José Menezes em 1956, batizado de “Concerto de Copacabana”.
A partir de 1980, o Duo Assad empreendeu uma jornada internacional, desbravando horizontes além do Brasil. Surgia a possibilidade de colaborações com orquestras em diversos países. Nesse contexto, solicitamos a Radamés uma obra de maior envergadura do que aquela que havíamos gravado em 1974. O concerto para dois violões, oboé e cordas, embora belo, não se mostrava plenamente adequado para a interpretação junto a orquestras internacionais. Radamés prontamente nos brindou com uma segunda versão do “Concerto de Copacabana”, ressaltando que, uma vez que uma composição ganhasse vida, adicionar elementos não constituía obstáculo. Assim, uma nova voz para o segundo violão foi urdida, entrelaçando-se habilmente com a trama do primeiro violão, conferindo-lhes um brilho conjunto. A primeira performance dessa renovação ocorreu em Bruxelas, na Bélgica, em 1982.
No ano subsequente, 1983, Radamés foi honrado com o prestigioso Prêmio Shell na música brasileira. Celebrando essa conquista, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro testemunhou a estreia nacional da obra, sob a regência do próprio compositor. Em etapas seguintes, a jornada musical do Duo Assad cruzou fronteiras, com interpretações na Alemanha Oriental e Polônia, sempre acolhidas com entusiasmo. No entanto, lamentavelmente, não foi possível realizar uma gravação profissional do concerto, restando apenas registros de apresentações ao vivo.
Hoje, regozijamo-nos com a ressurreição do concerto, trazida pelas mãos talentosas do Duo Siqueira Lima, composto por Fernando e Cecília. A harmonia entre esses músicos é tão profunda que suas notas convergem, criando uma unidade que ressoa como um único instrumento, um violão majestoso com muitas cordas e mãos habilidosas. É com grande satisfação que testemunho o registro oficial desta obra tão querida e especial. Saúdem a música de Radamés! Celebremos o Duo Siqueira Lima.
Sérgio e Odair Assad
FICHA TÉCNICA
Gravação
Estúdio Monteverdi, Mairiporã, SãoPaulo, Brasil
Junho e Julho de 2023
Produção executiva
Daniel Cornejo – Roda Produções Artísticas
Produção musical
André Mehmari
DUO SIQUEIRA LIMA – PERFIL
Com técnica instrumental impecável, interpretação detalhada e muito carisma, o Duo Siqueira Lima possui sucesso raro entre os violonistas de qualquer época no Brasil. Ambos os músicos vêm de famílias ligadas à música. Fernando Lima é mineiro do interior, tendo aprendido a tocar viola caipira e cavaquinho com o pai. E foi com a viola que Fernando iniciou sua carreira de menino prodígio, chegando a aparecer em programas de música na televisão, em 1984. Aos 12 anos descobriu o violão clássico ouvindo as gravações de Dilermando Reis, e logo o colocou como seu instrumento profissional. A partir de 1999, teve Henrique Pinto como professor principal. Antes disso, Fernando havia estudado com outros professores, incluindo uma passagem pelo Conservatório de Varginha. Formou-se em violão pelas faculdades FAAM e Carlos Gomes.
Cecília Siqueira também foi uma menina prodígio. O avô, os tios e os pais foram violonistas. Seu pai inclusive, foi discípulo direto de Abel Carlevaro. Iniciou-se na música aos 6 anos e aos 9 começou a tocar guitarra elétrica em bailes noturnos, integrando um grupo de sua família. No ano seguinte, passou a dedicar-se ao violão clássico. Aos 15 anos de idade, Cecília já vencia seu primeiro concurso de interpretação. Entre os principais professores estiveram o uruguaio César Amaro (entre 1997 e 1999, sendo que este jamais cobrou financeiramente pelas aulas) e o brasileiro Henrique Pinto.
Fernando Lima e Cecília Siqueira se encontraram pela primeira vez no II Concurso Internacional de Violão de Caxias do Sul, em julho de 2001, no Pró-Música SESC, quando dividiram a primeira colocação no certame. O evento teve como concursantes e jurados violonistas de diversas partes do mundo (México, Inglaterra, Paraguai, Turquia, Espanha, Estados Unidos e Áustria), o que ajudou a estabelecer o nome de ambos como solistas de primeira linha. Cecília lançou seu primeiro CD solo ainda naquele ano, Lo Que Vendra, com um repertório bastante variado, que ia de Bach a Barrios.
No ano seguinte, 2002, os dois começaram a namorar e formaram o duo oficialmente, tocando em cidades do Uruguai e já lançando o primeiro CD de forma independente, intitulado Tudo ConCorda. O repertório era essencialmente popular, indo de Pixinguinha a Scott Joplin. Como o repertório do duo ainda estava em desenvolvimento, ambos decidiram gravar obras solo (duas cada um), com Fernando interpretando duas de Armando Neves e Cecília tocando Luiz Bonfá e Roland Dyens. O lançamento incluiu, além do Brasil e Uruguai, três turnês pela Europa.
Juntamente com o CD, os vídeos do youtube e as carismáticas apresentações passaram a divulgar o nome de ambos para um público de diversos países. Logo eles começariam uma intensa carreira internacional, em países como Uruguai, Argentina, Espanha, Itália, Suíça, Irlanda, Hungria, Rússia, Polônia e Áustria, entre outros.
Em 2004 Cecília se radicaria definitivamente em São Paulo, com ambos já casados e recebendo orientação do professor Henrique Pinto. Em 2006 lançaram o segundo CD, Lado a Lado, novamente de forma independente. O repertório, assim como o do primeiro CD, privilegiou a música instrumental popular brasileira, com autores que iam de Cesar Camargo Mariano (Cristal) a Dominguinhos (Contrato de Separação). O vídeo no youtube em que ambos tocam em duo com apenas um violão já ultrapassa três milhões de visualizações, e fez com que recebessem propostas para se apresentar em inúmeros festivais de música e em programas de televisão nos quais a música instrumental brasileira não costuma ter espaço. Era o sucesso, agora para um público bem maior do que apenas o de música clássica ou MPB.
Em 2007, fizeram seu debut na Irlanda, tocando no National Concert Hall. Em seguida, apresentaram-se no Cultural Arts Center, em São Peterésburgo, Rússia. Fernando Lima, que também tocava no Quaternaglia Guitar Quartet, decidiu abandonar o primeiro violão nesse quarteto, para se dedicar integralmente ao duo com a esposa.
Em 2010 lançaram o terceiro CD da carreira, Um a Um, pelo selo GHA Records, da Bélgica. O lançamento incluiu o Festival Internacional de Violão de Paris e salas de concerto nos Estados Unidos. No repertório, novamente música instrumental popular brasileira, com destaque para Canhoto, de Radamés Gnattali, Homenagem a Chiquinho do Acordeão, de Dominguinhos, e Samambaia, de César Camargo Mariano, demonstrando mais uma vez as preferências musicais de ambos.
Em 2016, lançaram o muito elogiado CD The Art of Duo Siqueira Lima, formado por repertório de grandes compositores clássicos brasileiros (a exemplo de Villa-Lobos e Henrique Oswald), além do argentino Astor Piazzola e o espanhol Granados. Já em 2019, outro excelente disco foi produzido: Impressions, formado por peças de Debussy, Mendelssohn, Tchaikovsky, entre outros compositores europeus.
O Duo Siqueira Lima é um dos grupos camerísticos que comprovam a tradição e o alto nível dessa formação no Brasil, estabelecendo um patamar artístico vislumbrado pelos jovens violonistas. Poucos músicos alcançaram tanto sucesso de público e crítica em tão pouco tempo quanto esse duo de violões, que estão entre os principais divulgadores do Brasil no exterior.
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