ALLEMANDE
Na ocasião de sua aposentadoria, há alguns anos, Julian Bream gracejava: “tudo o que precisamos agora é de uma sonata de Mozart!”. Trata-se de uma enorme provocação para um violonista clássico, uma vez que ela brinca com uma de nossas maiores frustrações: nós adoraríamos tocar Mozart, mas não o fazemos! Ao longo da história do violão, violonistas têm tido uma fixação por Mozart mais do que por qualquer outro compositor (com a óbvia exceção de Bach, e, para um número crescente de nós, de Haydn). Nós, violonistas, sentimos que Mozart e o violão foram feitos um para o outro, como se cada um de nós pudesse escutar, em nosso ouvido interior, o som produzido por tal encontro: isto é, um encontro entre a transparência “luminosa” das texturas de Mozart e a correspondente sofisticação e nitidez da paleta tonal do violão.
É claro que a “obra para violão” de Mozart é apenas uma fantasia, uma vez que ele não conheceu o violão nem escreveu para o instrumento. É importante notar, entretanto, que durante o primeiro florescimento do violão clássico vienense, no começo do século 19, compositores-violonistas se dedicaram a escrever obras “mozartianas,” uma tentativa aparentemente urgente de compor a obra de violão que Mozart talvez tivesse escrito; mas – a despeito das belas peças que essa tendência inspirou – não surpreende que o gênio de Mozart tenha permanecido incapturável. Por outro lado, as gerações seguintes de violonistas recorreram, ao menos de vez em quando, a transcrições de Mozart; porém, novamente, a mágica de suas obras permaneceu fugidia e, a despeito de certos arranjos bem sucedidos de movimentos isolados, Mozart não se tornou parte determinante do repertório violonístico. Ao contrário de Haydn, por exemplo, cuja maioria das 62 sonatas para piano se adapta surpreendentemente bem ao violão, transcrições de Mozart frequentemente soam desajeitadas, o que é especialmente audível nas sonatas de maior envergadura. Dito isto, creio que certas exceções à regra finalmente estão começando a emergir.
MÚSICAS
J.S. BACH (1685-1750)
01 – Allemande, from Lute Suite in Em, BWV996
W.A. MOZART (1756-1791)
02 – Allemande in Cm (trans. Em) from Baroque Suite in C, K399
W.A. MOZART – KEYBOARD SONATA in Bb (trans. E), K570
03 – Allegro
04 – Adagio
05 – Allegretto
J.S. BACH – LUTE SUITE in Gm (trans. Am), BWV995
06 – Prelude
07 – Allemande
08 – Courante 09 – Sarabande
10 – Gavottes I&II
11 – Gigue
J.S. BACH – CELLO SUITE in G (trans. D), BWV1007
12 – Prelude
13 – Allemande
14 – Courante
15 – Sarabande
16 – Menuets I&II
17 – Gigue
SOBRE O AUTOR
Paul Galbraith é internacionalmente reconhecido como um dos mais importantes violonistas da atualidade. Sua abordagem revolucionária do violão, aliada à sutileza e profundidade de suas interpretações, fizerem dele uma figura imediatamente reconhecível no mundo da música clássica.
Paul utiliza um inusitado violão de 8-cordas desenvolvido em 1993 junto ao lendário luthier David Rubio. O design de Rubio distancia-se do formato tradicional ao empregar a radical assimetria de encordoamento do ‘Orpharion,’ um instrumento renascentista da família do alaúde. O instrumento foi apelidado de ‘Violão Brahms’ por conta de sua ampla tessitura e riqueza de possibilidades sonoras.
A abordagem particular de Paul da técnica violonística vem de uma ideia tida em 1984 que permitiu liberar o braço direito de sustentar ou se apoiar no instrumento. A liberdade resultante proporciona maior fluidez entre movimento e som. Paul continuou a desenvolver e refinar o seu novo modo de tocar até 1987, quando desenvolveu a postura de cellista com a qual é associado hoje.
Paul começou a se apresentar durante a adolescência, tendo chamado atenção do público na Grã-Bretanha por meio de uma série de sucessos em competições televisionadas. Em declaração à imprensa após o concurso Leeds Castle Segovia 1981, no qual Paul foi premiado com a medalha de prata, Segovia levantou a mão e exclamou: “Paul é magnífico. Ele será um grande artista.”
Desde os anos 90 Paul tem feito turnês anuais aos Estados Unidos e tocado no Reino Unido e na União Europeia, assim como na China, América do Sul, Rússia, Noruega, Austrália, Canadá, Índia etc. Ele também já se apresentou com várias das principais orquestras e grupos de câmara da Inglaterra e da Europa como: BBC Orchestras, Royal Philharmonic, St. Petersburg Quartet, English Chamber Orchestra, Halle, Scottish Chamber Orchestra, European Chamber Orchestra, Moscow Chamber Orchestra e Shanghai Quartet.
CRÉDITOS
Allemande – Paul Galbraith plays Bach & Mozart
Idealização: GuitarCoop
Produção Musical: Chris Landen/Everton Gloeden
Engenharia de Som: Chris Landen
Edição e Mixagem: Chris Landen/Ricardo Marui
Engenheiro Assistente: Matthew McCabe
Masterização: Homero Lotito/Chris Landen
Design Gráfico e Web: Eduardo Sardinha
Produção Web: Patricia Millan
Fotos: Peter Mackay
Capa: Luzius Zaeslin
Tradução para o Português: David G. Molina
Gravação: Legacy Hall, CSU, GA / Estudio Giba Favery
Data: 4, 5 e 8 de Dezembro/2014 | 1º de Dezembro/2015
Violão: David Rubio “Brahms Guitar”, 2000
Caixa de Ressonância: Antonio Tessarin
Cordas: D’Addario strings
Afinação: A = 393hz
AGRADECIMENTOS
Andrew Zohn and Schwob School of Music, CSU; Lisa Sapinkopf
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