Por Gilson Antunes
Paulo Martelli é um violonista singular na história do violão brasileiro: por possuir raro talento como músico; pelo empenho hercúleo atuando como produtor artístico; e pelas ideias sempre originais para o desenvolvimento e a divulgação do violão em todo o mundo (não apenas no Brasil).
Filho de Lúcio Martelli e de Dulce Franco Martelli, Paulo César Martelli iniciou os estudos de violão aos 10 anos de idade, tendo aulas com Francisco Brasilino e, em seguida com Henrique Pinto. O violonista, luthier e produtor carioca Sérgio Abreu é considerado por Martelli como seu principal mentor musical.
Logo foi premiado em diversos concursos, como o IV Concurso Nacional Villa-Lobos em Vitória, no Espírito Santo, o I Concurso da Faculdade Mozarteum, e o IX Concurso Jovens Concertistas Brasileiros – com esta última premiação, ganhou bolsa de estudos no exterior.
Nova York
Em 1993 mudou-se para Nova York, aproveitando a bolsa conquistada no Concurso Jovens Concertistas, quando parou de ensinar violão na Universidade de Ribeirão Preto. Em 1995 lançou pelo selo Canadense GRA, o CD de estreia, Paulo Martelli Plays Diabelli, Paganini, Harris, Castelnuovo-Tedesco - com produção de Sérgio Abreu, que emprestou violões históricos que lhe pertenciam para essa gravação realizada no Rio de Janeiro.
Nos Estados Unidos, cursou Mestrado e Professional Studies na Julliard School (com bolsa de estudo integral oferecida pela própria escola) e na Manhattan School of Music (com bolsa de estudos Virtuosi do Ministério da Cultura) onde desenvolveu seu trabalho sobre sistemas de tablaturas para alaúde. Apresentou-se, pela primeira vez em Nova York em 1995, no Weill Hall - Carneggie Hall, como prêmio do concurso Young Concertists Presentation
Ornamentação barroca
Em 1999 estudou também sistemas de notação em tablaturas e ornamentação barroca, novamente na Manhattan School of Music, onde recebeu o Prêmio Andrés Segovia em 2000. Ainda nesse ano gravou o segundo CD, Roots, com repertório voltado para a música popular instrumental, além de clássicos como La Catedral, de Agustin Barrios, e três tangos de Astor Piazzolla. Segundo o violonista, este CD é uma homenagem musical aos sons e memórias do Brasil.
Em 2003 musicou e lançou em CD as obras do espetáculo O Homem que Odiava Segunda-Feira, do Grupo Gestus, que recebeu o prêmio Caravana da Funarte de 2004. Entre 2005 e 2006 gravou Miosótis, CD com obras de Zé Henrique Martiniano.
Movimento Violão
Como produtor, Paulo Martelli idealizou a importantíssima série Movimento Violão, formada por recitais em salas importantes da capital e do interior paulista, que são gravados em alta definição, e os melhores momentos são apresentados em CDs (que já somam três) e DVDs (dois, até o momento), além de serem transmitidos anualmente pela Sesc TV (em média são produzidos 11 programas de tv por ano). Alguns dos maiores violonistas da atualidade, como Eduardo Isaac, Pablo Marquez e Duo Siqueira Lima, já participaram desta série, que já dura mais de 10 anos.
Em 2013 o Movimento Violão se expandiu para a Bahia (Vitória da Conquista) e em 2014 para Belo Horizonte. Para 2015 está programada a série também para o Rio de Janeiro, sendo que a vertente internacional da série já havia sido realizada em 2011 no Kennedy Center, nos Estados Unidos, com transmissão ao vivo pela internet. Com toda essa atividade, esta série é considerada por muitos – incluindo o Sérgio Assad e o próprio Paulo Martelli - como a principal em todo o mundo, não existindo paralelo em outro país.
Estreias
Em 2012 Paulo Martelli estreou a Fantasia Concertante Para Dois Violões e Orquestra, denominada Lendas Amazônicas, ao lado do compositor da obra, Marco Pereira. Anteriormente Martelli já havia apresentado pela primeira vez o Concerto Para Violão e Orquestra, de Francisco Mignone, com a Orquestra Sinfônica de Campinas. Também tocou com a Metamorphosen Chamber Orchestra e colaborou com o violinista americano Mark O´Connor, que é vencedor de dois Grammy - com os quais realizou turnê por 28 dos principais centros musicais dos Estados Unidos.
Ainda em 2013, Martelli gravou um programa especial para a Sesc TV dentro da série Movimento Violão apenas com obras de Heitor Villa-Lobos, incluindo o Concerto para Violão e Pequena Orquestra.
Atualmente Paulo Martelli se apresenta com alt-guitar, instrumento de 11 cordas, no qual executa, especialmente, peças de J. S. Bach. A tese de doutorado de Martelli é justamente sobre as obras desse compositor em transcrições para alt-guitar. É considerado um dos principais intérpretes desse tipo violão de 11 cordas, e tem recitais agendados na Europa, América do Norte e Ásia.
Obras dedicadas
Entre os compositores que já lhe dedicaram obras estão Sérgio Assad, Marco Pereira, João Luiz, Douglas Lora, Mark Delpriora e Geraldo Ribeiro.
Além de intensa carreira como violonista e produtor da série Movimento Violão, Paulo Martelli trabalha também como professor da Escola de Música do Estado de São Paulo e como professor particular, tendo dado aulas para alguns dos melhores violonistas da nova geração no Brasil.
Link: www.movimentoviolao.com.br
Discografia:
-Paulo Martelli plays Diabelli, Paganini, Harris, Castelnuovo-Tedesco (GRI Music, 1994)
- Roots (The Woodhouse Records, 2000)
- O Homem que Odiava Segunda-Feira (independente, 2003)
- Miosótis – Paulo Martelli plays Zé Henrique Martiniano (independente, 2006)