Violonistas mineiros fazem recital dedicado a Garoto e lançam livro de choros do compositor em Belo Horizonte
Por Gabriel de Sá e Alessandro Soares
O compositor Aníbal Augusto Sardinha, popularmente conhecido como Garoto, morreu com apenas 39 anos de idade, em 1955. Entretanto, mesmo com tão pouco tempo de vida, o violonista paulistano criou uma obra única e conquistou legiões de admiradores de diferentes gerações. Prova disso é lançamento do livro Choros de Garoto, nesta quinta-feira (22/03), em Belo Horizonte, que contará com um recital com a participação de diversos entusiastas do legado do autor de Gente humilde e Duas contas
No recital de lançamento do livro, que ocorre a partir das 19h30, no Conservatório UFMG, em Belo Horizonte, o violonista mineiro Celso Faria, também produtor do evento, trará ao público algumas das pérolas de Garoto: Gente humilde, Debussyana, Lamento do morro e além de Recordando Nazareth, choro de Armandinho que Garoto também executou.
Celso Faria
Um dos destaque no recital será também o que Celso chama de Festival Ary Barroso, suíte arranjada por Garoto, formada pelas músicas Na Baixa do Sapateiro, Maria, Tu, Maria, No Rancho Fundo, Risque, Terra Seca e Aquarela do Brasil. “A suíte foi tirada de ouvido pelo professor José Lucena Vaz e por mim, a partir de algumas gravações não comerciais deixadas por Garoto. Existe até um disco no qual Garoto toca esses temas com a orquestra do maestro Leo Perachi. Mas a ordem dos temas no disco é diferente desta que vou tocar”, afirma Celso.
A parte musical conta ainda o Duo Treze Cordas, formado por Carlos Walter e Silvio Carlos. A dupla apresenta as peças Tristezas de um Violão, Jorge do Fusa, Amoroso, Chorinho da Casa de Pedra, Vamos Acabar com o Baile e a homenagem Choro Garoto, uma composição do mestre Tom Jobim.
Sílvio Carlos e Carlos Walter
Além do recital, o evento conta com os comentários do pesquisador Jorge Mello, autor da biografia Gente Humilde: Vida e Música de Garoto. Mello abrirá a noite com detalhes sobre a vida do violonista e sobre as composições que serão executadas. “Vamos falar também sobre como as partituras inéditas que estão no livro foram obtidas e transcritas, além da importância do livro dentro do contexto do choro brasileiro”, observa o pesquisador.
Por fim, Mello relembra as passagens de Garoto por Minas Gerais e Beagá, o que, segundo ele, ocorreu em 1952 e 1954. “Espero que o evento estimule as pessoas a conhecerem mais a obra do Garoto”, torce Mello, que escreveu também um perfil biográfico no novo livro de partituras.
Lançamento da Edições Sesc São Paulo e do Instituto Moreira Salles, Choros de Garoto reúne 67 partituras do compositor paulistano, muitas delas inéditas. O livro é de autoria de Jorge Mello, que recolheu as peças, escreveu o artigo, o resumo biográfico e a musicografia completa, além de comentar as 67 peças. Já os músicos Henrique Gomide e Domingos Teixeira transcreveu as partituras e fizeram as harmonias e adaptações para o modelo melodia e cifra.
Garoto foi autor de mais de 200 composições, entre valsas, sambas e boleros. Foi com o choro, entretanto, que ele marcou seu nome da história da música brasileira, por conta, sobretudo, de sua inventividade harmônica.
Jorge Mello
Serviço
Dia 22 de março, às 19h30,
Conservatório UFMG (Av. Afonso Pena 1534, Belo Horizonte - MG).
Entrada franca.
Informações: (31) 3409-8300