Violonista Guilherme Lamas finaliza série de dicas sobre 7 cordas de aço
Por Fábio Carrilho
Entre os efeitos colaterais positivos de tempos pandêmicos, quem poderia imaginar a volumosa profusão online de conteúdos pedagógicos das mais diversas áreas do conhecimento? O mantra "fique em casa", que ecoou no consciente das parcelas mais responsáveis da população antes da vacinação, serviu de estímulo, inclusive, para diversas produções domésticas dedicadas à aprendizagem violonística. A série Uma dica para quem fica em casa, por exemplo, criada pelo músico e professor Guilherme Lamas, é uma delas. Postada regularmente nos últimos dois anos em seu canal do Youtube, o material, composto por 51 vídeo-aulas, têm foco no violão de sete cordas acompanhador, nas quais são abordados assuntos como fraseado, rítmica, harmonia e técnica aplicada nas linguagens do choro e do samba.
Guilherme começou a publicar os vídeos em março de 2020. “Pensei que poderia ajudar quem estivesse a fim de estudar o instrumento sem sair de casa", revela o violonista natural de Jundiaí e criado em Campinas (SP), onde desenvolve atualmente Doutorado na Unicamp. Os temas foram desenvolvidos pelo músico com bastante profundidade em vídeos com duração de 3 a 10 minutos e gravados a partir do celular, seguindo um formato direto, coloquial e praticamente sem cortes. "Não coloquei as dicas com partituras, mas tenho planos de escrevê-las com o intuito de virar um material didático", revela ele, que indicou nas descrições dos vídeos as minutagens dos assuntos abordados, visando dinamizar o acesso.
Um aspecto importante das videoaulas é que são direcionadas ao violão de sete-cordas de aço, distinção que faz questão de ressaltar. "São assuntos voltados para se tocar com cordas de aço. Trabalho técnicas e digitações específicas para este violão, que é diferente do sete cordas de nylon ou de um sete cordas solista", explica Lamas, que teve a oportunidade de conviver com uma grande figura deste instrumento, Valter Silva. "Após me formar no Conservatório de Tatuí em 2008, morei no Rio de Janeiro na casa do Valter, sete cordas da velha guarda que é irmão gêmeo do Valdir Silva", comenta sobre este encontro que inspirou, entre outras coisas, a sua dissertação de Mestrado, defendida também na Unicamp, a qual versa sobre o estilo de acompanhamento dos irmãos no sete corda de aço. A pesquisa pode ser baixada na Biblioteca do Acervo.
A pesquisa de Lamas envolvendo o instrumento com cordas de aço também integra sua tese de Doutorado, na qual mapeia o processo criativo de diversos violonistas referenciais. Grosso modo, são composições minhas inspiradas no estilo de violonistas como Zé Barbeiro, os irmãos Valter E Valdir Silva, Edmilson Capelupi, Alessandro Penezzi, entre outros", revela. "A partir de várias transcrições que fiz ao longo da vida, pude identificar determinados elementos, características e o 'sotaques musicais' desses músicos, sobre os quais fui desenvolvendo minhas composições", explica.
Uma primeira amostra deste trabalho é o EP Melhor que isso só arroz com ovo, que conta com três músicas autorais resultantes deste processo. Para isso, escreveu os arranjos para seu quinteto, do qual fazem parte Gabriel Rimoldi (flauta), Matheus Kleber (sanfona), Luiz Anthony (bandolim, cavaquinho e violão tenor) e Roberto Amaral (pandeiro). "São as músicas iniciais que gravei antes da pandemia, as quais sairão em EP e também em vídeos no Youtube. Já tenho gravações de outras composições autorais resultantes de minha pesquisa, porém vou aguardar para lançá-las futuramente em um álbum", antecipa.
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Entre as novidades para 2022, Lamas, que é colaborador recorrente do Acervo, deverá ministrar um novo "Aulão" online, em data ainda a ser definida no mês de março. Sobre suas experiências pedagógicas online, no entanto, crê que o melhor caminho está na junção com a experiência presencial. "Acho que é possível o aprendizado online, porém gostaria que em alguns momentos, por exemplo, uma vez por mês, o aluno pudesse estar presente. Nesta aula, nós basicamente tocaremos, para entender como é o som ao vivo mesmo", argumenta.