Vida e obra de Dilermando Reis são analisadas por Gilson Antunes em palestra no Sesc SP
O violonista, pesquisador musical e professor da Unicamp, Gilson Antunes, vai dar palestra em 21 de novembro, às 19h30, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar, Bela Vista) com o tema 100 anos de Dilermando Reis: vida, obra e legado para violão. Profundo conhecedor sobre a história do instrumento e com quase 30 anos de carreira como solista, Antunes explicará como e porque a obra de Dilermando Reis é constantemente tocada tanto por músicos clássicos quanto populares, já tendo sido revisitada por instrumentistas como Raphael Rabello, Turíbio Santos, Baden Powell, David Russell e muitos outros.
Com uma discografia imensa, na qual imortalizou obras de autores como Américo Jacomino, Levino da Conceição e Mozart Bicalho, além de ter gravado com cantores como Francisco Petrônio e até com orquestra sinfônica, Dilermando Reis é um dicionário perpétuo sobre o violão brasileiro. Ele atuou no rádio por cerca de 30 anos. Na Rádio Clube do Brasil, formou uma das primeiras orquestras de violões que se tem notícia; pela Rádio Nacional manteve o programa diário Sua Majestade, o Violão.
Autor de valsas e choros, Dilermando começou a gravar discos 78 RPM em 1941. Lançou dezenas de LPs entre 1956 e 1975, com mais de 250 fonogramas, dos quais mais de 120 são composições suas. Só o LP Abismo de Rosas, de 1961, vendeu mais de 1 milhão de cópias, sendo um dos discos instrumentais de maior sucesso no país. É um raro caso de disco de violão que nunca saiu de catálogo e foi editado em CD. Ouça discos de Dilermando Reis
Composições
Nascido em Guaratinguetá (SP), Dilermando é autor de valsas geniais, entre as mais belas do repertório brasileiro, como Se Ela Perguntar, Noite de Lua, Uma Valsa e Dois Amores, Dois Destinos, além de choros inspirados, a exemplo de Magoado, Feitiço, Dr Sabe Tudo e Xodó da Baiana.
Com estilo proeminentemente seresteiro, com experiência na música clássica e popular, incluindo colaborações com artistas do nível de César Guerra Peixe e Radamés Gnattali, Dilermando personificou o violão brasileiro de forma integral como praticamente nenhum outro violonista, a ponto de “retransformar” clássicos como Abismo de Rosas ou Gotas de Lágrimas em novos clássicos, sendo por muitos consideradas suas próprias músicas, e não de Américo Jacomino ou Mozart Bicalho.
O repertório de Dilermando também sempre esteve disponível no mercado de partituras. Mas a partir de 1990, o trabalho de Ivan Paschoito ajudou a divulgar essas obras internacionalmente, quando publicou dois álbuns pela editora americana Guitar Solo Publication (GSP).
Nos anos 1990 também surgiram as primeiras dissertações acadêmicas sobre Dilermando, de Luciano Pires e do americano David Jerome. Em 2000, Genésio Nogueira publicou a única biografia sobre o violonista.
Viololinstas brasileiros de variadas gerações e estilos já dedicaram temas a Dilermando, que vão de Um Abraço no DR (André Geraissati), Um Amor de Valsa (Paulo Bellinati), Valsa de Reis (Marcello Gonçalves) e De Bellinati a Dilermando (Daniel Murray).
Sobre Gilson Antunes
Gilson Antunes tem a carreira marcada, entre outras atividades, por divulgar e reviver grandes nomes do violão brasileiro do passado. É conhecido também pela divulgação de jovens compositores e autores pouco divulgados entre os músicos brasileiros. Formou-se aos 17 anos com medalha de ouro pelo Conservatório Musical Mário de Andrade, em Pinheiros, São Paulo. Em seguida fez bacharelado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), especialização na Guildhall School of Music and Drama, mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo (USP).
Em 2000, aos 28 anos, lançou o primeiro CD solo, Music for Guitar by Young Brazilian Composers, com obras dedicadas a ele por compositores recém-formados. Dois anos depois lançou um CD com 14 músicas de Américo Jacomino, com arranjos baseados nas gravações originais. Em 2009 lançou CD com obras do compositor mineiro Marcus Siqueira. Em 2012 lançou disco com a integral para violão do compositor carioca Roberto Victorio.
Gilson Antunes já foi professor da Universidade Federal da Paraíba mas atualmente ensina na Unicamp. Já se apresentou em 15 países. Como escritor, publicou dezenas de artigos na revista Violão Intercâmbio (entre 1994 e 2004), na revista Violão Pro (entre 2005 e 2008) e no Acervo Digital do Violão Brasileiro (desde 2014), além de outros textos acadêmicos. Escreveu juntamente com a poetisa Mayara Floss o livro infantil O Menino e o Violão (2013), que faz parte de uma planejada Trilogia do Despertar (tendo como outros livros a peça teatral Canhoto: o Rei do Violão Brasileiro e a autobiografia Violão).
Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP
Coordenado pela pesquisadora e violonista Flávia Prando, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP tem como proposta fazer a articulação da produção de conhecimento, formação e difusão. De acordo com o site do Sesc SP, o espaço promove o trânsitos e as trocas entre o saber fazer da instituição, os dados, informações e pesquisas existentes, bem como as temáticas permanentes, transversais e emergentes envolvendo educação e cultura.
O Centro de Pesquisa e Formação é composto por três núcleos: o Núcleo de Pesquisas, que se dedica à produção de bases de dados, diagnósticos e estudos em torno das ações culturais e dos públicos; o Núcleo de Formação promove encontros, palestras, oficinas e cursos; o Núcleo de Publicações e Difusão se volta para o lançamento de trabalhos nacionais e internacionais que ofereçam subsídios à formação de gestores e pesquisadores.
Serviço:
Local: Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar, Bela Vista)
Dia: segunda-feira - 21 de novembro
Hora: 19h30 até às 21h30
Ingressos: R$ 4,50 a 15,00
Inscrições: pelo site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP ou nas unidades do Sesc SP