(Julio Ribeiro Alves)

Por Fábio Carrilho

Dentre os diversos festivais de violão programados até o final deste ano, destaca-se a tradicional Semana do Violão da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (EMAC/UFG), que vai ocorrer em formato online, pela plataforma Zoom, a partir desta segunda-feira (22/11) até sexta (26). Em sua 15ª edição, o evento, que é coordenado pelos violonistas e professores Pedro Martelli e Eduardo Meirinhos (ambos da EMAC/UFG), terá como artistas convidados Julio Ribeiro Alves, Luciana Lozada, Laís Fujiyama, Luis Ranna e Djalma Marques.  A programação é de recitais, discussões e masterclasses. Haverá certificado para aqueles que realizarem 70% das atividades.

Doutor em Música e Literatura Musical pela Indiana University e professor de violão na Marshall University School of Music, no estado da Virgínia Ocidental, Estados Unidos, Júlio Ribeiro Alves tem larga experiência como professor no cenário violonístico erudito estadunidense, Alves, que tem carreira de concertista igualmente consolidada, fará recital e quatro masterclasses para alunos selecionados pela EMAC/UFG.

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Julio vai tocar peças autorais do recém-lançado álbum Suíte Nordestina, seguidas das peças Invisible Dances e Favela, do compositor italiano Giorgio Signorile, e da Suíte Contrastante, de Luciano Fleming. “Finalizarei com a Suíte Nordestina, do compositor e violonista piauiense Erisvaldo Borges. As peças do Signorile e do Borges foram dedicadas a mim", afirma.

Entre as atrações locais, Lais Fujiyama, Luciana Lozada e Luis Ranna têm como aspecto em comum o fato de terem sido ex-orientandos de Eduardo Meirinhos. "Tocam muito bem e possuem trabalhos acadêmicos de grande interesse", elogia o professor Meirinhos.

(Lais Fujiyama)

A primeira do grupo, Lais Fujiyama, é mestra em Música pela UFG, tendo se apresentado em festivais como solista por todo o Brasil. O recital dela será dedicado ao tema de sua dissertação, os 12 Improvisos do compositor Theodoro Nogueira (1913-2002). Natural de Santa Rita do Passa Quatro (SP), Nogueira, cuja obra tem sido constantemente revisitada, foi um dos compositores para violão mais prolixos da década de 1950.

Apesar de não ser violonista, tendo formação em violino e usando o piano como instrumento para compor, produziu obras de grande impacto para além dos 12 Improvisos, como os ciclos das Valsas-Choro, Serestas e Brasilianas. "Era influenciado por amigos violonistas, como Geraldo Ribeiro, Barbosa Lima e Ronoel Simões, que o incentivaram a compor para o instrumento", diz Fujiyama. "Sua estética era nacionalista. Foi aluno de Camargo Guarnieri. Quem estreou os 12 Improvisos foi Maria Lívia São Marcos, mas Geraldo Ribeiro foi o primeiro a gravar o ciclo integral. É uma obra de grande desafio técnico", comenta a violonista.

(Luciana Lozada no Quarteto Violoníssimas)

A violonista Luciana Lozada, Doutora em Música pela Université de Montréal (Canadá) e professora na Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), apresentará recital também relacionado ao seu projeto de pesquisa, cujo assunto envolve a transcrição de música vocal e o canto auto-acompanhado, além de temas instrumentais junto ao Quarteto Violoníssimas, do qual faz parte ao lado das violonistas Tainá Caldeira, Milena Marques e Thais Alonso. "Vamos apresentar peças gravadas com o Violoníssimas de compositoras como Chiquinha Gonzaga (Corta Jaca e Lua Branca), Tainá Caldeira (Viva África) e Clarice Assad (Bluezilian). Além disso, vou tocar algumas peças solo e para canto e violão, incluindo Elodie Bouny (Cenas Brasileiras n.1 e n. 2) e Villa-Lobos (Ária da Bachiana Brasileira n. 5)", revela Lozada.

O violonista Luís Ranna, Mestre em Música pela UFG, fecha a programação de recitais, apresentando arranjos solo originais que transitam entre o popular e o erudito. Ele já coordenou o projeto Orquestra de Violões nas Escolas (Fapes/Fames/Sedu) e atua como violonista popular e erudito, pesquisador compositor, arranjador. É integrante da banda Cerrado Mar Adentro. No repertório deste recital, Renna dará destaque aos arranjos que fez para o cancioneiro do rock, a exemplo de A Maçã (Raul Seixas), Layla (Eric Clapton) e Live And Let Die (Paul McCartney). Mas também vai apresentar o samba São Demais os Perigos Desta Vida (Toquinho e Vinícius de Moraes), Uma Valsa e Dois Amores (Dilermando Reis) e o congo capixaba Iaiá Você Vai à Penha, além de um tema composto pelo próprio Ranna (Olhos de Jabuticaba).

A abertura da Semana ficará a cargo do violonista Djalma Marques, que tem uma trajetória bastante peculiar no violão. Médico de formação, foi um dos fundadores do curso de Violão da Universidade Federal da Paraíba, transitando entre as duas áreas. Sua palestra Por que dói quando toco? é dedicada a uma de suas pesquisas de maior interesse, as doenças que acometem os músicos, principalmente as lesões por esforço repetitivo (LER) e os temidos distúrbios de movimentos, como a distonia focal, tema do qual é especialista.   

(Eduardo Meirinhos)

A Semana surgiu em 2004, juntamente com o primeiro Concurso Nacional de Violão da instituição. “É um projeto de extensão que busca viabilizar o acesso às diversas áreas de conhecimento ligadas ao violão, favorecendo a atualização da bibliografia e do repertório através do convívio e da troca de experiências", diz Pedro Martelli. Devido à pandemia do covid-19, a Semana migrou, desde 2020, para formato virtual, sendo transmitida pela plataforma Zoom, possibilitando a participação de músicos e professores de outras regiões do Brasil e do exterior.

De acordo com Martelli, os resultados mais evidentes são os verificados na melhora das performances e no aumento de interesse tanto em relação ao que se refere ás disciplinas relacionadas ao instrumento e afins, quanto aos benefícios e necessidade de participar de eventos semelhantes em outras localidades. "O entusiasmo que os alunos demonstram durante e após os eventos nos impulsiona a buscar a manutenção e ampliação de eventos desta natureza com a finalidade de estabelecer sempre um nível mais elevado de excelência em nossa escola".

"Fazer eventos no formato online tem algumas vantagens, como alcançar um público maior. Os recitais serão online, mas pré-gravados, para evitar possíveis problemas de transmissão. Após sua realização, os músicos ficarão à disposição para comentar sobre suas apresentações e interagir com o público", revela Eduardo Meirinhos em depoimento ao Acervo, que atualmente ocupa o cargo de diretor da EMAC/UFG.

Serviço:

XV Semana do Violão da EMAC da Universidade Federal de Goiás

Data: Segunda (22/11) a sexta-feira (26/11)

Onde: formato online pelo Zoom

Inscrições aqui no site da Semana
- As atividades serão pela plataforma ZOOM

- haverá certificado para aqueles que realizarem 70% das atividades.