Saí do Guri mas o Guri não saiu da minha vida
(Gabriele Leite)
por Gabriele Leite*
Eu iniciei meus estudos musicais no Projeto Guri por volta de 2005. O projeto era novo na cidade de Cerquilho e me deu a oportunidade de aprender violão. Após um tempo de idas e vindas de professores, conheci a educadora Josiane Gonçalves, professora de violão que havia chegado para ficar. Foi então que as coisas começaram a tomar corpo. Além de incentivar todos nós a estudar violão, ela percebeu o interesse especial de alguns alunos e começou a nos preparar para o “sonho de estudar no conservatório de Tatuí”. Em poucos meses de trabalho, uma boa notícia: alguns alunos que fizeram a prova haviam passado. Eu não tinha feito o exame, então resolvi me preparar e em questão de meses, também fui aprovada.
Em minha jornada no Guri consegui grandes feitos. Participei de vários concursos de violão, obtendo ótimas colocações. O Guri me preparou muito bem para os palcos nas apresentações semestrais para a comunidade e nos encontros com outros polos, que exigiam atenção especial com a performance e escolha do repertório.
(Gabriele Leite no Projeto Guri)
Saí do Projeto Guri em 2013, mas o Guri não saiu da minha vida. Foi lá que eu aprendi o que é trabalhar em grupo, a me relacionar com as pessoas, a fazer música de câmara, a respeitar os espaços. Nunca deixei de acreditar que com dedicação é possível fazer história.
Quando saí do projeto, eu comecei a perceber que o Guri foi muito mais do que um lugar onde eu aprendia música, mas um ambiente onde eu vivi situações pelas quais eu passaria novamente, mas sabendo enfrentá-las com mais leveza. Um projeto com esta dimensão, que te faz mudar como ser humano, que te faz crescer para enfrentar a sociedade, só quem estudou no Guri, sabe. E tudo isso só foi possível, graças a excelentes orientações.
(Gabriele Leite no Projeto Guri)
De lá para cá, desde que eu entrei no conservatório e depois na universidade, quando me apresento em festivais e concursos é uma honra para mim poder dizer que fui aluna do projeto Guri. Além de propiciar essa vivência com a música, esse projeto tem uma importância tamanha que faz a diferença na vida de qualquer um que vive em sociedade, onde é necessário se comunicar e interagir.
Se se não fosse o projeto Guri, talvez minha vida teria tomado outro rumo. Talvez eu não fosse a guria concertista que sou.
#VIVAGURI
*Gabriele Leite, 21 anos, faz bacharelado em violão no Instituto de Artes da UNESP. É vencedora das principais competições nacionais de violão, a exemplo do Musicalis e do Souza Lima. Este ano, ela participará como bolsista do Festival de Koblenz, na Alemanha.