(Ronoel Simões - imagem inédita gentilemnte cedida pela Coleção Ronoel Simões, Discoteca Oneyda Alvarenga (CCSP)

Por Alessandro Soares

“Devemos esclarecer que Garoto errava na execução destas músicas. Não por não ter habilidade de tocá-las corretamente. Porém há muito tempo que ele não tocava estas músicas e elas estavam esquecidas. Foram relembradas e estudadas na hora da gravação”. Esta é uma das anotações que o pesquisador, produtor e colecionador Ronoel Simões (1919-2010) fez com máquina datilográfica no encarte do acetato em que gravou com o gênio das cordas, Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955), em 30 de maio de 1950. Ali Garoto gravara peças clássicas: o Prelúdio 4, de Francisco Tarrega e o Fragmento de Na Gruta de Fingal, de Mendelsshon.

Eu tive acesso a este acetado quando visitei o espaço da Coleção Ronoel Simões, em dezembro de 2019, ao lado de um grupo de músicos e pesquisadores recepcionados pelo violonista e pesquisador Jefferson Motta, que integra a equipe da Discoteca Oneyda Alvarenga, no Centro Cultural São Paulo, onde fica a Coleção Ronoel Simões. Bem mais do que ter sido o maior colecionador de discos, fitas magnéticas, partituras e documentos variados e raríssimos da América Latina, Ronoel foi mais além. Ele era também um pesquisador muito atento e um agitador cultural, que atuou em programas de rádio, em edição de revistas e, sobretudo, levou alguns violonistas, a exemplo de Garoto, para um estúdio, que resultou em inúmeros acetatos.

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Essas e várias outras curiosidades serão debatidas na Live-entrevista A Coleção Ronoel Simões, que será transmitida ao vivo, nesta segunda-feira (22), às 19h, pelo Youtube do Acervo Violão Brasileiro. O bate-papo será com um time formado por grandes conhecedores do assunto e também amigos de Ronoel. São eles: Jefferson Motta (violonista e pesquisador responsável pela Coleção Ronoel Simões e integrante da Discoteca Oneyda Alvarenga).

Participa do evento Paulo Bellinati, que marcou a história do violão mundial ao lançar em partituras e em disco a obra de Garoto, incluindo turnês internacionais. Bellinati vai relembrar na live alguns bastidores de suas pesquisas sobre Garoto na casa de Ronoel. Tem ainda o músico, produtor e escritor Edson Natale, que foi aluno de Ronoel. E mais os saraus, programas de rádio e agitos culturais de Ronoel, que vão ser destacados pelo violonista Giacomo Bartoloni.

(Detalhe da anotação de Ronoel na capa de um dos acetatos em que gravou Garoto)

A live será mediada por Alessandro Soares e Thiago Abdalla. A iniciativa integra o Projeto Contos e Cantos do Violão em São Paulo (selecionado pelo Edital ProAc/2023) e marca 10 anos do Acervo Digital do Violão Brasileiro, criado pelo produtor cultural e jornalista Alessandro Soares, que fará a mediação da live, junto com o violonista e produtor Thiago Abdalla. 

O Acervo Ronoel Simões é uma fonte inesgotável de dados sobre a obra de compositores, intérpretes e luthiers em discos, fitas magnéticas, vídeos, livros, partituras e imagens. É de uma riqueza incalculável, sendo considerado o maior acervo físico sobre violão da América Latina. Este patrimônio nacional, com sede em São Paulo, foi construído durante décadas e merece ser conhecido amplamente e em profundidade. O criador deste precioso arquivo, Ronoel Simões, dedicou toda a vida, energia e dinheiro para montá-lo e preservá-lo.

Contribuindo para difundir esse legado, o Acervo Digital do Violão Brasileiro tem a honra de realizar uma live-entrevista. Por sinal, já nesta matéria apresentamos duas fotos raras, gentilmente cedidas pela Coleção Ronoel Simões. Na primeira, o jovem Ronoel tocando seu violão. Em seguida temos o colecionador ao lado de Ioacy de Abreu Pimenta, viúva de Garoto.

Em breve Jefferson Motta vai escrever a minibiografia de Ronoel, especialmente para ser publicada no Dicionário do Acervo, aqui no site.