O frevo do Duo Rubem França & Renan Melo marca terceiro vídeo sobre violão em Pernambuco
(Duo Rubem França e Renan Melo)
Por Giulia Costa e Marcelo Tobias
“Queria muito comprar um cavaquinho, mas minha família não tinha condições. Daí comecei a vender água mineral na minha comunidade durante um mês”, relembra o violonista Rubem França sobre o início da sua relação com a música, que começou aos 13 anos. Após um mês de vendas, ele conseguiu comprar um cavaquinho de segunda mão por R$ 30. O músico integra o Duo Rubem França & Renan Melo, tema do terceiro episódio da série de vídeos do Acervo Violão Brasileirodedicado ao violão em Pernambuco, que será lançado nesta terça-feira (26/02).
No clipe o duo interpreta o clássico frevo Cabelo de Fogo, do Maestro Nunes em arranjo para dois violões escrito pela dupla, levando para dois violões de 8 e 7 cordas todo o universo de metais. A ideia do arranjo é trabalhar esse jogo de perguntas e respostas, característicos do frevo.
. A série foi filmada no Estúdio Muzak, no Recife, por Rodrigo Barros e editado por Woody Willen. O próprio estúdio, a NIG Music e a Cabra Quente Filmes patrocinaram o projeto, que estreou em novembro de 2018, com Nenéu Liberalquino, seguido de Vinícius Sarmento.
(Rubem França)
Em entrevista ao diretor do Acervo, Alessandro Soares, Rubem França recorda também quando ganhou o primeiro violão. “Eu procurei um luthier de fundo de quintal, que adaptou uma sétima corda num violão de 6. “Foi um problema porque as cordas ficaram bem juntinhas, uma batia na outra”. Depois de estudar sozinho, o músico se matriculou na Escola Municipal de Arte João Pernambuco, e logo depois entrou no Conservatório Pernambucano de Música, onde conheceu o professor, bandolinista e violonista, Marco César.
Ele conseguiu comprar um violão de 7 cordas economizando com o dinheiro que ganhava se apresentando e seguiu fazendo shows, tocando em grupos de choro e samba e acompanhando cantores. Com a convivência com diversos violonistas, Rubem sentiu o desejo de comprar um violão de 8 cordas. “Estou há seis anos trabalhando nesse violão de oito cordas aqui em Pernambuco, fazendo samba, choro, frevo”.
Violão canhoto
Já Renan Melo teve o primeiro contato com a música graças à família. O pai dele era amante do choro e do samba e sempre teve um violão em casa. Começou a estudar música cedo, por volta dos 11 ou 12 anos. “Eu e meu irmão ficávamos desbravando o violão escondido. Eu mais escondido ainda por ser canhoto. Pegava o violão ao contrário e ficava com vergonha da forma que tocava”, recorda.
Uma de suas paixões era o cavaquinho, mas não havia muitas possibilidades de comprar. Então conseguiu o instrumento com um amigo de seus pais. Assim, começou a estudar música de verdade e eventualmente passou a levar a sério o violão de sete cordas, que é presente na sua vida desde a adolescência até os dias atuais.
Companheiros de Licenciatura em Música no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) de Bom Jardim, há três anos, os dois foram apresentados por amigos em comum. A proposta para montar o duo veio de Rubem. Depois de fazerem uma pesquisa sobre os estilos adotados pelos outros duos, Rubem e Renan optaram pelo frevo. “Tem muito duo de violão no Brasil e no mundo tocando choro, baião, clássico, erudito. Então eu disse, vamos fazer frevo, que é a nossa praia
Após extensa pesquisa, Renan e Rubem decidiram optar por dar ênfase ao clássico gênero pernambucano, o frevo, com objetivo de trazer algo novo, uma sonoridade diferenciada para o mundo do violão e também para o próprio frevo, destaca Renan. O arranjo é criado pela dupla. “A gente optou por fazer a resposta nos graves do violão como se fosse a própria baixaria que a gente escuta no choro, no samba, no baião. Quando não é o jogo de pergunta e resposta, fazemos algum contracanto ou o próprio acompanhamento”, diz Renan.
(Renan Melo)