Mostra reúne 67 mulheres violonistas neste fim de semana
(Andrea Perrone / crédito: Fagner Bruno)
Por Elcylene Leocádio
A 1ª Mostra de Mulheres Violonistas – Edição OnLine, começa nesta sexta-feira (11/12) e vai até domingo, sempre às 19h. O encontro reúne 67 apresentações que vão do erudito ao popular. No elenco estão violonistas renomadas, compositoras, professoras, arte-educadoras e jovens talentos de diversas regiões do país. O grupo é bem diverso e inclui brasileiras, mulheres que residem no Brasil e outras nascidas em outros países, mas que têm forte relação com a música brasileira e com o violão.
É, sem dúvida, um grande momento para o violão brasileiro, tanto pelo número de artistas envolvidas, quanto pela originalidade da proposta. E tudo isso foi organizado em pouco mais de um mês. Perguntada sobre o custo de um evento tão grande, Andrea Perrone, uma das idealizadoras, diz: “não gastamos um centavo, pois não temos um centavo para gastar”. O que temos é o nosso tempo, é a força do nosso trabalho”.
Rede
Essa Mostra é resultado da iniciativa das violonistas e arte-educadoras Roberta Gomes e Mariana Reis, que formaram um grupo de WhatsApp com instrumentistas mulheres, no início do segundo semestre de 2020. “Eu estava conversando com Mariana sobre situações relacionadas ao mundo da música, que às vezes acontecem conosco ou com mulheres próximas. Pensamos que seria legal ter uma forma rápida de comunicação para passarmos informações umas às outras quando houvesse necessidade. Criamos o grupo para promover o contato entre as violonistas, mas principalmente como rede de apoio e de incentivo ao trabalho e à carreira de cada uma”, explica Roberta.
(Roberta Gomes)
No início eram cerca de 20 integrantes, a maioria de São Paulo. Cada uma foi convidando outras e hoje são mais de 110 violonistas de todo o Brasil. Foi criado também um canal no Youtube e no Facebook, que tem cada vez mais seguidores e engajamento. Para conhecer melhor o próprio universo, elas distribuíram um questionário e os resultados estão sendo tabulados e analisados. “Em Belo Horizonte, por exemplo, há um grupo de mulheres que toca flamenco. Nós não nos conhecíamos, não sabíamos que éramos tantas, nós estávamos escondidas umas das outras”, comenta Juliana Oliveira (integrante do Quarteto Abayomi).
Gestão de carreira
Segundo Andrea, além do estudo do violão, técnica, composição, arranjo e tudo o mais que envolve o instrumento, é preciso que as mulheres violonistas estejam preparadas para a gestão de suas carreiras e o grupo pode ser um ponto de apoio. As mais jovens podem ter suporte das mais experientes e vice-versa, cada uma compartilhando suas competências. Umas podem ajudar as outras a superarem suas dificuldades; podem assistir, compartilhar e divulgar o trabalho das demais. Assim, o grupo vai se tornando uma rede, que ajudada pela internet, começa a romper barreiras geográficas.
(Mariana Reis)
Exemplo disso é o da violonista argentina Ana Larrubia, que sabendo da Mostra organizada pelas brasileiras, pediu para participar. Outras duas, uma da Alemanha e outra da França, encantadas com o grupo de violonistas mulheres desejam fazer parte dele. Elas não querem ficar de fora dessa troca de experiências, desse encontro. Como não aceitar esses pedidos se o grupo quer mostrar o trabalho de “muitas” mulheres violonistas?
Expansão de fronteiras
É bem possível que esse movimento de atração, de expansão de fronteiras, de desejo de pertencimento, possa estar sendo despertado pelo clima que rola no grupo. “O que me motiva é a alegria de estar ali. Tem me encantado a alegria das mulheres que estão lá. É um espaço aberto para todas as tendências”, diz Maria Haro.
(Maria Haro)
E assim, o grupo não para de crescer. A grande quantidade de mulheres violonistas surpreende até as que desconfiavam da veracidade de uma ideia bem presente entre nós: são poucas as violonistas mulheres. Não. Não há poucas violonistas no Brasil! Este foi o primeiro alerta da iniciativa “despretensiosa” que foi a criação de um grupo de WhatsApp. E mais, as intérpretes e compositoras mulheres fazem um bom trabalho e não querem receber, como nos relataram algumas entrevistadas, supostos elogios do tipo: você toca como um homem. A música não tem gênero, cor, raça, religião... A música é universal e assim tem que ser, afirmaram outras.
Por conta dessa movimentação, desse reboliço, surgiu a ideia de se fazer um evento – o primeiro de muitos – para começar a mostrar, a revelar, o que está por baixo dos panos, o que ainda está invisível, como tantos outros trabalhos realizados por mulheres. Houve quem achasse melhor fazer a 1ª Mostra em 2021, com mais tempo para organizar. Mas o que prevaleceu foi a ideia de não se perder tempo e colocar logo o bloco na rua. “A gente quer mostrar a nossa música! A gente quer fazer barulho! Nós não queremos excluir nem julgar ninguém. Cada uma tem o seu trabalho, a sua personalidade, o seu jeito de fazer, a sua arte! Vai lá e ouve!” nos diz Andrea.
(Juliana Oliveira)
Chamado às mulheres
A ideia da 1ª Mostra de Mulheres Violonistas começou a se concretizar com um chamado aberto para as mulheres do grupo enviarem os seus trabalhos. Todos seriam incluídos. Sem edital de seleção. Sem critérios de exclusão. Apenas uma ressalva operacional, os vídeos precisavam ter condições de exibição no Facebook e no Youtube. Foi criado um grupo menor para receber os trabalhos e organizar a Mostra, inicialmente programada para dois dias. Porém, no prazo estipulado de 15 dias para recebimento do material, chegaram 67 vídeos. O que fazer? A resposta foi simples: acolher a todos.
E por terem decidido assim, as organizadoras da 1ª Mostra de Mulheres Violonistas nos brindam com a possibilidade de conferir, em três dias de apresentações, o que elas vêm produzindo de singular e diverso.
E aqui fica o meu convite: chame seus amigos e amigas e participe desse encontro. Vai ser bonito. Das entrevistas que fiz para escrever esse texto, ficou em mim um tanto da alegria que move esse grupo por estarem juntas e pelo forte desejo de mostrar que as mulheres violonistas são muitas e sabem voar.
PROGRAMAÇÃO
(Paola Picherzky)
Sexta (11), sábado (12) e domingo (13) de dezembro 2020
Horário: 19h às 20h:10min.
Transmissão: canal Mulheres Violonistas (Youtube) e perfil Mulheres Violonistas (Facebook).
Os vídeos são gravados, mas tem bate-papo ao vivo com as artistas, mediado por Andrea Perrone.
(Amanda Carpenedo)
Sexta-feira - dia 11
Abertura: Paola Picherzky
Amanda Carpenedo: Parazula, de Celso Machado
Beatriz Manaia: Almain, de Robert Johnson
Luna La Hara: Zimbabwe, de Luna La Hara
Maria Haro: Chororô, Vera de Andrade
Ana Lis: Prelúdios Americanos - Evocación de Abel Carlevaro
(Flavia Prando)
Ana Giollo: Cenas Brasileiras n. 1, de Eloudie Bouny
Juliana Oliveira (Quarteto Abayomi): Bandolada, de Geraldo Vespar
Flavia Prando: Edith – Gavota, de João Avelino de Camargo
Mariana Reis: Valsa Venezuelana n. 3, de Antonio Lauro
Odília Santana: Bossa Dorada, de Dorado Schimitt
Márcia Boroto: Serenata para Dilermando, de Geraldo Ribeiro
(Marcia Boroto)
Rosimary Parra: Valsa Sem Nome, de Baden Powell
Ana Clara Guerra: Flora, de Sandra Mara Alfonso
Bruna Braz: Fantasia, de S. L. Weiss
Dagma Eid: Forgotten, de Mm. Sidney Pratten
Renata Mendes: Danzas Gitanas, Op. 55 – Zambra, de Joaquin Turina
Jussara da Conceição: Capivara, de Hermeto Pascoal
(Mara do Nascimento)
Mara do Nascimento: Lamentos, de Pixinguinha
Bianca Laboissiere: De Manhãzinha, de Douglas Sá
Rosana Bergamasco (Trio Que Chora): Setembro de Rosana Bergamasco
Graça Alan: Aquarela do Brasil/Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso (citações da Cadência, de Heitor Villa-Lobos)
Sábado - dia 12
(Thaís Nascimento)
Luciana Requião: Estudo Canção 6, de Luciana Requião
Josi Gonçalves (Quarteto Abayomi): Los Paraguas de Buenos Aires, de Astor Piazzola e Horacio Ferrer
Ana Larrubia: Con Los Primeros Pájaros de La Mañana, de Carlos Aguirre
Chris Amoretti: Estreia da Afinco, de Andrea Perrone
Maria do Céu: Ousada Chiquinha, de Maria do Céu
(Elodie Bouny)
Marlene Souza Lima: Incompatibilidade de Gênios, de João Bosco e Aldir Blanc
Cláudia Garcia: Estudo n. 2, de Francisco Mignone
Elodie Bouny: Duas Almas, Elodie Bouny
Jéssica Messias: Valseana, de Sérgio Assad
Sabrina Souza: Sonata III - II Chanson, de Manuel Maria Ponce
Thaís Nascimento: Ao Extremo, de Cintia Ferrero
(Cristina Azuma)
Letícia Agati e Roberta Gomes: Lua Branca, de Chiquinha Gonzaga
Cris Aquino: Lágrima, de Francisco Tárrega
Duo Favoriti (Patrícia Nogueira & Dagma Eid): Dança Paraguaia, de Jair de Paula
Duo Madri (Adriana Ballesté e Mara Lúcia Ribeiro): Sonata em Ré Maior, de S. G. Scheidler
Tamires Rampinelli: Prelúdio n. 1, de Heitor Villa-Lobos
Beatriz Santos: Prelúdio 3, de Heitor Villa-Lobos
(Cecília Siqueira)
Juçara Dantas: Capricho de Santa Cecília, de Hamilton de Holanda
Alane Miranda: Um Dia de Novembro, de Leo Brouwer
Ana Jakeline Silva: Tempo de Criança, de Dilermando Reis
Taís Pantoja: A Bailarina, de Fábio Lima
Cristina Azuma: Y llegó Manuel!, de Norberto Pedreira
Cecilia Siqueira: All of Me, de Gerald Marks e Seymour Simons (arranjo de Roland Dyens)
Domingo - dia 13
(Rê Montanari)
Rê Montanari: Dança das Quatro Irmãs, de Rê Montanari
Camilla Silva: Prelúdio n. 2, de João Luiz Rezende
Adriana Martelli: Rindo da Saudade, de Ulisses Rocha
Roberta Feroli: Catavento e Girassol, de Guinga e Aldir Blanc
Melissa Menezes: The Merry Go Round Of Life, de Joe Hisaishi
Beatriz Virgínia: El Decameron Negro I. El Arpa del Guerrero, de Leo Brouwer
(Anna Leone)
Anna Leone: Tocata em Ritmo de Samba n. 2, de Radamés Gnattali
Vanessa Weber: Retrato Brasileiro, de Baden Powell
Andrea Perrone: Zihua, de Andrea Perrone
Luísa Rezende: Prelúdio Americano n. 3, de Abel Carlevaro
Thayna Brito: Prelúdio Registro, de Antonio Lauro
Claryssa Pádua: Nuevos Estudios Sencillos, de Leo Brouwer (IX - Omaggio a Szymanowski, IV - Omaggio a Prokofiev e X - Omaggio a Stravinsky)
Winnye Alcantara: Estudo simples IV, de Leo Brouwer
(Andrea Alencar)
Denise Coimbra: Schottish-Choro, de Heitor Villa-Lobos
Laíne Rodrigues: Canço del Lladre de Miguel Llobet
Cynthia Costa: Brasileirinho, de João Pernambuco
Thais Alonso: Lullaby, de Clarice Assad
Andréa Alencar: Shard, de Elliot Carter
Nova Guitar Duo (Nelly Von Alven e Luiz Mantovani: Our Evenings (On An Overgrown Path), de Leos Janacek
Adriana Ballesté: Prelúdio no 3, de Heitor Villa-Lobos
Paola Picherzky: Valsa 3, de Armando Neves Abertura: Paola Picherzky
Encerramento: Roberta Gomes