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Live resgata biografia de Nestor Campos e outros violonistas que merecem mais destaque na história

Postado em Contos e Cantos do Violão em São Paulo em 01/08/2024

Live resgata biografia de Nestor Campos e outros violonistas que merecem mais destaque na história - Foto rara de Nestor Campos - Crédito: Arquivo pessoal de Jorge Mello

(Foto rara de Nestor Campos - crédito: Arquivo pessoal de Jorge Mello)

Por Alessandro Soares

O nome do guitarrista e violonista Nestor Campos (1920-1993) anda bem obscuro na história do violão. Apesar disso, foi ele quem substituiu no lendário Trio Surdina o lugar de Garoto (1915-1955), após a morte do Gênio das Cordas. Nestor também está presente em gravações com variados e importantes artistas, tais como Dick Farney, Paulo Moura e X-Ximbinho. E já foi considerado entre os melhores guitarristas do rádio nos anos 1940. Até um dos primeiros discos de samba-jazz, o LP de dez polegadas Turma da Gafieira, com músicas de Altamiro Carrilho, tem participação de Nestor.

Um pouco dessa trajetória será contada na live “Nestor Campos e outros personagens da história”, que vai ocorrer nesta segunda-feira (05/08), às 19h, no Youtube do Acervo Violão Brasileiro. Serão redimensionados também a biografia de outros violonistas e guitarristas que mereceriam maior destaque na história do violão brasileiro, a exemplo de Zezinho (1904-1987), Aimoré (1908-1979) e Laurinho Almeida (1917-1995).

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No bate-papo ao vivo, reuniremos o pesquisador e biógrafo de Garoto, Jorge Mello, o músico e pesquisador Alexandre Francischini, que tem doutorado sobre Laurindo, e o jornalista e produtor Colibri Vitta, que é um dos fundadores do Clube do Choro de São Paulo, e conviveu com Aimoré.

A live integra o Projeto Contos e Cantos do Violão em São Paulo (selecionado pelo Edital ProAc/2023) e marca 10 anos do Acervo Digital do Violão Brasileiro, criado pelo produtor cultural e jornalista Alessandro Soares, que fará a mediação da live, junto com o violonista e produtor Thiago Abdalla.

Em breve o Acervo vai publicar verbetes biográficos, levantará fotos raras e vai divulgar teses acadêmicas a respeito desses nomes. Jorge Mello vai escrever a minibiografia de Nestor Campos, com grande riqueza de informações, assim como fez com os verbetes que assinou sobre Garoto e Zezinho.

Live resgata biografia de Nestor Campos e outros violonistas que merecem mais destaque na história - Foto: Zezinho

(Zezinho)

O Acervo vai continuar dando visibilidade a figuras que já constam no Dicionário do Acervo, como faz há anos com a memória de Zezinho, incluindo imagens raras.

José do Patrocínio, o Zezinho (1904-1987) foi um grande multi-instrumentista brasileiro. É ele quem acompanhou João Pernambuco em cinco discos 78 RPM, com dez gravações seminais para a história do violão. Ídolo de Garoto, Zezinho brilhou na Era do Rádio e tocou com violonistas como Antônio Rago, Armando Neves, Laurindo Almeida e Canhoto. E também integrou o lendário Bando da Lua, que acompanhou Carmen Miranda. Apesar de ser meio esquecido no Brasil, Zezinho é mundialmente famoso como Zé Carioca (por ser a voz do personagem criado por Walt Disney). 

Outro José que também será biografado em texto especial para o Acervo é José Alves da Silva, que passou a usar o apelido de Aimoré (1908 – 1979) diante de tantos músicos paulistas da era do rádio que eram chamados de Zezinho. A autora do texto será a violonista e pesquisadora Flávia Prando, que vai mostrar também o quanto era marcante a parceria e convivência entre esses músicos era marcante. “Na década de 1930, Aimoré formou com Garoto uma dupla de sucesso, Aimoré e Garoto, apresentando-se em diversos estados brasileiros e diferentes emissoras de rádio”, afirma. E quando Garoto adoeceu, Aimoré formou ocasionalmente duo com Laurindo de Almeida, para apresentar uma temporada na Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro.

Live resgata biografia de Nestor Campos e outros violonistas que merecem mais destaque na história - Foto: Aimoré

(Aimoré)

Embora tenha tido uma rica uma carreira musical, sua obra é esquecida. “As músicas de Aimoré merecem ser disponibilizadas e reabilitadas. São choros e valsas que representam muito bem o período rico em múltiplas influências pelo qual estes músicos estavam passando. Suas músicas são um exemplo da linguagem instrumental que artistas como ele, João dos Santos, Garoto — e tantos outros, que gravitaram em torno da modernidade trazida pela fonografia e radiofonia — desenvolveram, sendo uma das bases para o surgimento da bossa-nova”, enfatiza Flavia Prando.

Por sua vez, Alexandre Francischini fará a minibiografia sobre Laurindo Almeida especialmente para o Acervo. Um dos violonistas mais respeitados nos Estados Unidos, que ganhou mais Grammys do que Tom Jobim e é considerado um dos introdutores do violão clássico com cordas de nylon no jazz, Laurindo não é devidamente lembrado em seu país.  

Live resgata biografia de Nestor Campos e outros violonistas que merecem mais destaque na história - Foto: Laurindo Almeida e Garoto

(Laurindo Almeida e Garoto)

Em 2017, para celebrar o centenário de seu nascimento, o Acervo produziu alguns clipes com interpretações de peças compostas por Laurindo, a exemplo de Crepúsculo em Copacabana, Choro Fino e Serenata, feitas por Paulo Porto Alegre, Alberto Guedes e Lucas Telles, respectivamente. A partir de agosto deste ano, a presença de Laurindo no site do Acervo será maior e de diversas formas.

Esta é a quarta live do projeto Contos e Cantos do Violão em São Paulo, que tem como objetivo principal divulgar, disponibilizar e facilitar o acesso às histórias, biografias e obras de compositores e intérpretes. Entre eles(as) figuram personagens como Almeida Prado (1943-2010) Atílio Bernardini (1888-1975); Camargo Guarnieri (1907-1993); João Avelino de Camargo (1880-1936); José Alves da Silva (Aymoré) (1908-1979); Laurindo Almeida (1917-1995); Lina Pires de Campos (1918-2003); Luizinho 7 Cordas (1946); Maria Lívia São Marcos (1942) Mário Amaral (1895-1926); Nestor Campos (1920-1993); Renata Montanari (1962-2021); Ronoel Simões (1919-2010).

Tags: Jorge Mello
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