Live resgata biografia de Nestor Campos e outros violonistas que merecem mais destaque na história
(Foto rara de Nestor Campos - crédito: Arquivo pessoal de Jorge Mello)
Por Alessandro Soares
O nome do guitarrista e violonista Nestor Campos (1920-1993) anda bem obscuro na história do violão. Apesar disso, foi ele quem substituiu no lendário Trio Surdina o lugar de Garoto (1915-1955), após a morte do Gênio das Cordas. Nestor também está presente em gravações com variados e importantes artistas, tais como Dick Farney, Paulo Moura e X-Ximbinho. E já foi considerado entre os melhores guitarristas do rádio nos anos 1940. Até um dos primeiros discos de samba-jazz, o LP de dez polegadas Turma da Gafieira, com músicas de Altamiro Carrilho, tem participação de Nestor.
Um pouco dessa trajetória será contada na live “Nestor Campos e outros personagens da história”, que vai ocorrer nesta segunda-feira (05/08), às 19h, no Youtube do Acervo Violão Brasileiro. Serão redimensionados também a biografia de outros violonistas e guitarristas que mereceriam maior destaque na história do violão brasileiro, a exemplo de Zezinho (1904-1987), Aimoré (1908-1979) e Laurinho Almeida (1917-1995).
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No bate-papo ao vivo, reuniremos o pesquisador e biógrafo de Garoto, Jorge Mello, o músico e pesquisador Alexandre Francischini, que tem doutorado sobre Laurindo, e o jornalista e produtor Colibri Vitta, que é um dos fundadores do Clube do Choro de São Paulo, e conviveu com Aimoré.
A live integra o Projeto Contos e Cantos do Violão em São Paulo (selecionado pelo Edital ProAc/2023) e marca 10 anos do Acervo Digital do Violão Brasileiro, criado pelo produtor cultural e jornalista Alessandro Soares, que fará a mediação da live, junto com o violonista e produtor Thiago Abdalla.
Em breve o Acervo vai publicar verbetes biográficos, levantará fotos raras e vai divulgar teses acadêmicas a respeito desses nomes. Jorge Mello vai escrever a minibiografia de Nestor Campos, com grande riqueza de informações, assim como fez com os verbetes que assinou sobre Garoto e Zezinho.
(Zezinho)
O Acervo vai continuar dando visibilidade a figuras que já constam no Dicionário do Acervo, como faz há anos com a memória de Zezinho, incluindo imagens raras.
José do Patrocínio, o Zezinho (1904-1987) foi um grande multi-instrumentista brasileiro. É ele quem acompanhou João Pernambuco em cinco discos 78 RPM, com dez gravações seminais para a história do violão. Ídolo de Garoto, Zezinho brilhou na Era do Rádio e tocou com violonistas como Antônio Rago, Armando Neves, Laurindo Almeida e Canhoto. E também integrou o lendário Bando da Lua, que acompanhou Carmen Miranda. Apesar de ser meio esquecido no Brasil, Zezinho é mundialmente famoso como Zé Carioca (por ser a voz do personagem criado por Walt Disney).
Outro José que também será biografado em texto especial para o Acervo é José Alves da Silva, que passou a usar o apelido de Aimoré (1908 – 1979) diante de tantos músicos paulistas da era do rádio que eram chamados de Zezinho. A autora do texto será a violonista e pesquisadora Flávia Prando, que vai mostrar também o quanto era marcante a parceria e convivência entre esses músicos era marcante. “Na década de 1930, Aimoré formou com Garoto uma dupla de sucesso, Aimoré e Garoto, apresentando-se em diversos estados brasileiros e diferentes emissoras de rádio”, afirma. E quando Garoto adoeceu, Aimoré formou ocasionalmente duo com Laurindo de Almeida, para apresentar uma temporada na Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro.
(Aimoré)
Embora tenha tido uma rica uma carreira musical, sua obra é esquecida. “As músicas de Aimoré merecem ser disponibilizadas e reabilitadas. São choros e valsas que representam muito bem o período rico em múltiplas influências pelo qual estes músicos estavam passando. Suas músicas são um exemplo da linguagem instrumental que artistas como ele, João dos Santos, Garoto — e tantos outros, que gravitaram em torno da modernidade trazida pela fonografia e radiofonia — desenvolveram, sendo uma das bases para o surgimento da bossa-nova”, enfatiza Flavia Prando.
Por sua vez, Alexandre Francischini fará a minibiografia sobre Laurindo Almeida especialmente para o Acervo. Um dos violonistas mais respeitados nos Estados Unidos, que ganhou mais Grammys do que Tom Jobim e é considerado um dos introdutores do violão clássico com cordas de nylon no jazz, Laurindo não é devidamente lembrado em seu país.
(Laurindo Almeida e Garoto)
Em 2017, para celebrar o centenário de seu nascimento, o Acervo produziu alguns clipes com interpretações de peças compostas por Laurindo, a exemplo de Crepúsculo em Copacabana, Choro Fino e Serenata, feitas por Paulo Porto Alegre, Alberto Guedes e Lucas Telles, respectivamente. A partir de agosto deste ano, a presença de Laurindo no site do Acervo será maior e de diversas formas.
Esta é a quarta live do projeto Contos e Cantos do Violão em São Paulo, que tem como objetivo principal divulgar, disponibilizar e facilitar o acesso às histórias, biografias e obras de compositores e intérpretes. Entre eles(as) figuram personagens como Almeida Prado (1943-2010) Atílio Bernardini (1888-1975); Camargo Guarnieri (1907-1993); João Avelino de Camargo (1880-1936); José Alves da Silva (Aymoré) (1908-1979); Laurindo Almeida (1917-1995); Lina Pires de Campos (1918-2003); Luizinho 7 Cordas (1946); Maria Lívia São Marcos (1942) Mário Amaral (1895-1926); Nestor Campos (1920-1993); Renata Montanari (1962-2021); Ronoel Simões (1919-2010).