Financiamento coletivo dá novo fôlego aos discos de violão
Nem adianta procurar em livrarias ou clicar em sites de vendas. Os lançamentos de discos de violão são cada vez mais invisíveis nesses espaços. Apesar de excelentes títulos produzidos e bem distribuídos recentemente por selos como Sesc, Borandá, Rob Digital, GuitarCoop e Biscoito Fino, a maioria dos nossos violonistas está fora de gravadoras e de editais culturais. Para eles, a única maneira de produzir CDs e saber das novidades é entrar nas plataformas de financiamento coletivo, o chamado crowdfunding.
As contribuições podem começar na faixa dos R$ 10 e R$ 20, em troca de recompensas valiosas. Mas é tudo ou nada. Se as doações não alcançarem a cifra estipulada no prazo, nada feito. E o dinheiro de quem já colaborou é estornado. Cada semana de novembro, por exemplo, será decisiva para muitos projetos. É uma baita adrenalina manter o pique durante dois meses convidando doares a atingir metas financeiras e colocar as bolachinhas para fabricar.
Assim convidados todos os internautas a contribuir com projetos incríveis, começando por três jovens virtuoses que estão criando o violão do futuro, mas que precisam de doações cujo período de captação termina nos próximos dias.
É o caso do primeiro trabalho solo do multi-instrumentista gaúcho Pedro Franco, 25 anos, uma das grandes promessas do violão brasileiro. Quem quiser ajudá-lo tem só até esta terça-feira (22) para contribuir pela plataforma Benfeitoria. Com direção musical de Marco Pereira, as 12 faixas do disco fazem um panorama do processo criativo do violonista desde 2010, quando se mudou para o Rio de Janeiro, até hoje. A linguagem dos arranjos abrange música de câmara, choro, jazz e música tradicional gaúcha. Apoie Pedro Franco aqui.
O disco tem participações dos baixistas Jorge Helder, Pablo Arruda e Marcelo Muller, os percussionistas Marcelo Costa e Bernardo Aguiar, os bateristas Cassius Therperson e Pantico Rocha e o Quarteto da Guanabara. De acordo com o texto de apresentação no Benfeitoria, a álbum conta com sete composições de Pedro, uma improvisação livre, Samba da Lu (Marco Pereira) e Spain (Chick Corea, esta última em seu primeiro arranjo para violão solo.
Pedro Franco inicou estudos mmuscais com o cavaquinho aos sete anos e já compôs mais de 100 músicas. "Comecei a criar temas aos 12 anos, na linha do choro, tocando bandolim. O violão eu toco desde os 16”, recorda. Em 2010, ele gravou o primeiro disco, Ida, em parceria com o acordionista e pianista Matheus Kleber. E como músico já acompanhou estrelas da MPB, como Maria Bethania, Ney Matogrosso, Gal Costa, Lenine, Zeca Baleiro, Luiz Melodia e Monica Salmaso.
Outro prodígio do violão que também está em campanha via financiamento coletivo é o cearense Cainã Cavalcante, 26 anos, para viabilizar o quarto disco, Corrente. O prazo para colaborar também estoura logo: 29 de novembro. O CD tem direção de gravação de Elodie Bouny e produção executiva de Cibele Bahia. “Este disco traz o mosaico da minha musicalidade. Já ganhei concurso de violão clássico em São Paulo aos 10 anos de idade, mas não sou erudito. Vivencio o choro, mas não sou chorão. E também sou improvisador, mas não sou jazzista. Ao longo da vida fui desenvolvendo meu estilo até chegar a este trabalho, que marca um divisor de águas", resume Cainã. Apoie Cainã Cavalcante aqui.
O CD tem nove faixas autorais, a maioria delas dedicada a amigos e ídolos. Para Yamandu Costa Cainã criou Vento Sul. Para o acordeonista Bebê Kramer dedicou Forró Gaúcho, pelo jeito singular do músico tocar forró. Já A Vida no Sertão foi composta para o grande poeta Patativa do Assaré, que era amigo da família e foi padrinho do violonista. O violonista carioca Zé Paulo Becker também é homenageado com PoiZé, que segundo Cainã, foi fundamental na carreira.
Foi com Becker, por sinal, que Cainã Cavalcante lançou em 2014 o CD Parceria (com faixas selecionadas que podem ser ouvidas aqui). Mas a estreia em disco foi aos 11 anos, com o disco Morador do Mato, cujo título é um dos significados do nome do violonista. Produzido por Manassés, o CD tem participação de Yamandu, é formado só por músicas de outros autores. O segundo disco é o Samburá, quando ele tinha 15 anos, e foi produzido por Fagner.
Com um virtuosismo bem marcante no violão de 8 cordas, o italiano radicado no Paraná, Diego Salvetti, de 34 anos, é mais um a lançar mão do crowdfunding, que tem prazo final para receber doações até 30 de novembro, pela plataforma Kickante. O objetivo é o de gravar o CD O Brasil me Pegou! e fazer show de lançamento em São Paulo. Com produção musical Sandro Haick, o disco tem participação especial do violonista Alessandro Penezzi, além de vários músicos, incluindo o próprio Sandro Haick (percussões, guitarra, alaúde), Michael Pipoquinha (baixo), Bruno Cardozo (teclados) e Luiz Claudio Sousa (guitarra). Apoie Diego Salvetti aqui.
O estilo de Diego mistura flamenco, erudito e música brasileira. Como informa o texto da campanha no site, a maioria das peças que ele compôs para o disco é dedicada a cidades ou estados brasileiros e paisagens típicas daqui. A Itália está presente no disco sobretudo pela gravação da música From Italy , que une sonoridades da 'taranta' flamenca com melodias que lembram o 'bel canto' italiano.
Nascido em Bergamo, na Itália, e morando no Brasil há pouco mais de um ano, Diego Salvetti tem familia de músicos. Com apenas 11 anos, venceu o 1° Premio Nacional do 13° Concurso de Violão em Genova “ Pasquale Taraffo” na categoria Juvenil. Aos 18 anos ganhou a renomada bolsa de estudo do 14° Concurso da Associação Bergamasca “Amici di Lino Barbisotti”. De currículo bem vasto, ele já participou de inúmeros concursos nacionais de violão erudito, sempre com ótimos resultados.
Serviço
Pedro Franco
Disco: Pedro Franco
Prazo final: esta terça-feira (22/11)
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Cainã Cavalcante
Disco: Corrente
Prazo final: 29/11
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Diego Salvetti
Disco: O Brasil Me Pegou
Prazo final 30/11
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