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Festival de jazz em Marabá reúne 12 atrações musicais no interior paraense

Postado em Festivais em 05/05/2022

Festival de jazz em Marabá reúne 12 atrações musicais no interior paraense - Foto: Sandro Haick e Thiago do Espírito Santo

(Sandro Haick e Thiago do Espírito Santo)

Por Fábio Carrilho

Diversos festivais de música estão voltando a acontecer. São de grande relevância para a cena cultural, especialmente quando ocorrem em cidades do interior do país. Marabá, situada no sudoeste do Pará, é uma das debutantes no circuito com o seu Marabá Jazz Festival. As oficinas já estão acontecendo desde segunda-feira (02/05). E desta sexta (06) a domingo (08/05) haverá uma maratona de quatro shows por dia, com nomes de destaque nacional da música instrumental junto a artistas locais.

Ao todo serão 12 atrações. Trio Corrente, Azymuth, Thiago do Espírito Santo e Sandro Haick, Carol Panesi, Duo Siqueira Lima, Fernando César e Regional, os mestres da guitarrada Aldo Sena e Curica são alguns destaques do elenco nesta primeira edição, que está sendo realizado no Carajás Centro de Convenções. Para assistir aos shows e participar das oficinas, os ingressos e as inscrições estão disponíveis gratuitamente pela plataforma Sympla.

Para Jackson Gouvêa, produtor cultural e organizador do evento, a ideia do festival é criar mais uma plataforma de divulgação, exibição e desenvolvimento da música instrumental brasileira, assim como dialogar e promover esse tipo de música em no âmbito local. "A partir do momento em que valorizamos os artistas locais, exibindo seus trabalhos e conseguindo estabelecer intercâmbio com artistas que são referências nacionais, isso pode contribuir para o surgimento de novos grupos e para que a música instrumental seja vista de outra forma aqui", ressalta.

Festival de jazz em Marabá reúne 12 atrações musicais no interior paraense - Foto: Azymuth

(Azymuth)

A pouca diversidade de atrações musicais na região, segundo Gouvêa, também foi um fato que o levou a criar o projeto. "O festival de Marabá vai ser uma experiência inovadora e os comentários que estamos recebendo têm sido bem receptivos", diz o organizador, ressaltando a presença de estilos consagrados como jazz, choro e MPB, ao lado da guitarrada, música instrumental típica da região.

Entre as atrações violonísticas do festival está o Duo Siqueira Lima, formado por Fernando de Lima e Cecília Siqueira. Figuras presentes no cenário de música clássica, eles comemoram o convite para tocar em mais um festival de jazz. "É uma conquista poder estar transcendendo estilos. Sempre fomos mais associados à música clássica e, apesar de nossa formação, o duo se formou com o propósito de se fazer música popular. O fato de tocarmos César Camargo Mariano, Gilson Peranzzetta e João Bosco fez com que a gente fosse visto de maneira diferente", analisa Fernando Lima sobre o trabalho do duo no que ele chama de "zona de fronteira" entre estilos.

Para o concerto em Marabá, o repertório estará focado, além de arranjos variados, nas peças do álbum Violonístico, que celebra os 20 anos de carreira do duo. Neste trabalho, produzido durante a pandemia e lançado pelo Acervo Digital do Violão Brasileiro, são apresentadas 13 músicas inéditas, quase todas escritas especialmente para eles por compositores-violonistas como Marco Pereira, Sergio Assad, João Luiz, Paulo Bellinati, Guinga, Geraldo Ribeiro e Elodie Bouny.

Sobre a possibilidade de se tocar na Região Norte, Lima ressalta a presença do violão na música local. "Se você pegar o grande Sebastião Tapajós, ele foi um dos pilares para todas as gerações que vieram depois", ressalta o músico, que frequentou durante uma fase de sua vida o conservatório da Fundação Carlos Gomes, em Belém. "Tivemos a oportunidade de irmos também para Manaus e acompanhamos o projeto maravilhoso que o Davi Nunes desenvolve com Orquestra de Violões do Amazonas, uma coisa única no Brasil”.  diz.

Outro violonista de destaque a se apresentar é o sete-cordas brasiliense Fernando César, que estará acompanhado de seu regional de choro formado por Thanise Silva (flauta), Pedro Vasconcellos (cavaquinho), Tiago Tunes (bandolim) e Valerinho Xavier (pandeiro). "Não acompanho bem os músicos do choro em Marabá, cidade que irei visitar pela primeira vez agora, mas conheço o pessoal de Belém, alguns mestres como Adamor do Bandolim e o Luiz Pardal (multi-instrumentista), que são chorões e grandes compositores. Fico feliz em conhecer mais uma cidade do Norte agora".

Festival de jazz em Marabá reúne 12 atrações musicais no interior paraense - Foto: Fernando César e seu regional de choro

(Fernando César e seu regional de choro)

O programa de seu show não poderia estar mais alinhado com a proposta do festival em valorizar a música autoral. "Será o repertório do nosso último álbum chamado Tudo Novamente. São algumas composições minhas e outras de amigos. A ideia é difundir os choros feitos por violonistas solistas. Em roda de choro, o violão solo não tem tanta projeção sonora e esse repertório fica um pouco esquecido", diz ele, que gravou choros inéditos de Alencar 7 Cordas, Rafael dos Anjos, Daniel Santiago, Rogério Caetano e, claro, de seu irmão, o bandolinista Hamilton de Holanda.

Além do show, Fernando César ministrará uma oficina de choro aos músicos locais, valorizando a parte prática tocando com os participantes. "Vou mostrar um pouco da história do choro, ilustrar brevemente a sonoridade dos conjuntos regionais e daí vamos tocar", revela o violonista, que pretende focar a oficina no repertório do show e, principalmente do álbum "Tudo Novamente", pelo fato de trazerem músicas novas.

Na seara elétrica, a guitarra estará presente com destaque para artistas locais associados à guitarrada, música instrumental popular típica do Pará e da região amazônica. "A guitarrada ganhou evidência nacional a partir do guitarrista Chimbinha, quando ele estourou com a Banda Calypso. Aquele estilo de tocar bebe na fonte dos guitarreiros da Amazônia", lembra Gouvêa, que convidou para o evento os mestres Aldo Sena (guitarra) e Curica (banjo), que são da região metropolitana de Belém, assim como o Clube da Guitarrada, que acontece semanalmente na capital reunindo músicos para apreciar a guitarrada paraense.

Festival de jazz em Marabá reúne 12 atrações musicais no interior paraense - Foto: Aldo Cena, Curica e o Clube da Guitarrada

(Aldo Cena, Curica e o Clube da Guitarrada)

Entre os artistas marabenses, destacam-se os grupos Choro e Harmonia, Pirucaba Jazz e Carajazz Marabá Orquestra Popular, única big band da cidade e que será a atração de encerramento. O primeiro deles é um regional de choro, o qual lançou recentemente seu primeiro álbum de inéditas, Paideia, financiado pela Lei Aldir Blanc. Já o Pirucaba Jazz é um grupo de fusion, com seção rítmico-harmônica próxima a de uma banda de rock. “Eles têm uma carreira maior e acabaram de lançar o disco Lendas, também financiado pela Aldir Blanc, cujo foco são lendas da Amazônia traduzidas para a música instrumental, com destaque para a lenda da Boiúna, que é aqui da nossa cidade", destaca Gouvêa. O festival contará com músicos de outras áreas relativamente próximas à Marabá, como o guitarrista Jayr Torres, de São Luís, e o violonista Rafael Guerreiro, de Belém.

Para o próximo ano, Gouvêa espera repetir a dose, preferencialmente sem ter de enfrentar os percalços econômicos devido à inflação. "Infelizmente o festival não vai ser transmitido pelo YouTube. Estamos com grandes dificuldades porque muitas coisas furaram o teto de gastos, como as passagens aéreas dentro desse contexto que estamos vivendo. Acabou saindo mais caro do que o planejado", lamenta. No entanto, o otimismo pelo fato de se estar semeando algo permanece. "Esperamos conseguir uma próxima edição ampliando a participação de artistas locais e levando o festival para as praças, porque o objetivo também é popularizar a música instrumental na cidade", finaliza. O evento conta com apoio do Instituto Cultural Vale, do Banpará e da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Festival de jazz em Marabá reúne 12 atrações musicais no interior paraense - Foto: Carajazz Marabá Orquestra Popular

(Carajazz Marabá Orquestra Popular)

SERVIÇO

> Shows

06/05: Duo Siqueira Lima; Thiago Espírito Santo e Sandro Haick Duo; Carol Panesi e Grupo; Azymuth.

07/05: Rafael Guerreiro; Pirucaba Jazz; Jayr Torres Quarteto; Trio Corrente.

08/05: Choro e Harmonia; Aldo Sena; Curica e Clube da Guitarrada; Fernando César  Regional; Carajazz Marabá Orquestra Popular.

> Oficinas

Dias 2 e 3 de maio:

Oficina: Produção de Conteúdo e Relacionamento com a Imprensa, com Sônia Ferro.

Local: Plataforma online Zoom.

Duração: 6 horas.

Horário: 19h às 22h.

Vagas: 30.

(Jackson Gouveia, organizador do Marabã Jazz Festival - crédito: Bill Waishington)

Dias 03 e 04 de maio

Oficina: Introdução básica à Iluminação Cênica, com Zé Mário Petersen.

Local: Cine Marrocos, Marabá Pioneira.

Duração: 6 horas.

Horário: 19h às 22h.

Vagas: 30.

Dias 04 e 05 de maio

Oficina: Canto Intuitivo, com Carol Panesi.

Local: Galeria Vitória Barros.

Duração: 6 horas.

Horário: 19h às 22h.

Vagas: 15.

Dias 5 e 6 de maio

Oficina: Prática de Conjunto no Chorinho, com Fernando César.

Local: Cine Marrocos, na Marabá Pioneira.

Duração: 6 horas.

Horário: Dia 05/05, das 19h às 22h e dia 06/05 das 09h às 12h.

Vagas: 20.

Dia 6 de maio

Oficina: Jazzcomplicando o jazz com a escala pentatônica, com Jayr Torres.

Local: Cine Marrocos, na Marabá Pioneira.

Duração: 4 horas.

Horário: 14h às 18h.

Vagas: 20.

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