Duo Assad e Brasil Guitar Duo abrem festival em São João da Boa Vista, em SP
O inédito encontro do Duo Assad com o Brasil Guitar Duo marcou a abertura do Festival Assad, nesta quarta-feira (22), no Teatro Municipal de São João da Boa Vista, em São Paulo. Mesmo sem ensaio e lendo as partituras, eles fizerem show inesquecível, mesclando belas interpretações e muita descontração em palco nos temas Verano Porteño, de Astor Piazzolla, e A Furiosa, de Paulo Bellinati. A plateia que lotava o teatro centenário aplaudiu de pé, assoviou e pediu bis. O quarteto sacou de improviso a Valsa Venezuelana nº 3 Natalia, de Antonio Lauro.
O espetáculo começou com o Brasil Guitar Duo, formado por João Luiz e Douglas Lora, na longa e expressiva Sonata dos Viajantes, de Leo Brouwer, dividida em quatro movimentos. Em seguida eles fizeram 7 Anéis, de Egberto Gismonti, no lindo e já conhecido arranjo para dois violões de João Luiz. As peças preencheram o primeiro bloco do recital. Os rapazes mostraram, como sempre, porque estão entre os mais destacados duos da nova geração. Nem a tosse um tanto escadalosa que frequentemente vinha da plateia quebrou o clima.
Quando Sergio e Odair Assad subiram ao palco para tocar Valsas Poéticas, de Enrique Granados, uma das expectativas era de que a tosse não voltasse. Não teve jeito. Mas com o melhor duo de violões do mundo no palco, era fácil relevar o barulho e se emocionar com Bandoneón, de Piazzolla. Por sinal, esse é daqueles arranjos marcantes dos Assad para, que é referência mundial do repertório violonístico. Entre os temas do CD O Clássico Violão Popular Brasileiro, tocaram Abismo de Rosas (Américo Jacomino) e Jongo (Paulo Bellinati).
No final da apresentação, a mãe da família Assad, Dona Ica, interpretou Canção de Amor, um clássico da seresta composta por Chocolate e Elano de Paula, acompanhada por Beto (apresentado como o pandeirista da família) e pelo próprio Sergio, num acompanhamento digno da tradição de Dino e Meira (os maiores da Era do Rádio).
Depois Sergio faz homenagem ao pai, Seu Jorge, convidando o violonista Micael Chaves para formar um trio com os Assad. “Micael foi mais um aluno do nosso pai. Seu Jorge foi ralmente um dos que mais trabalharam para que houvesse música aqui em São João da Boa Vista. Resgatou essa coisa do choro, preparou crianças para tocar um tipo de música que não fazia parte da realidade deles. E logrou motivar esse estilo aqui na cidade”, afirmou Sergio.
Juntando Chopin com Tom Jobim, o trio fez uma versão do Prelúdio em Mi Menor (Op. 28, nº 4) e de Insensatez, cujo início se parece com o tema do compositor polonês. E fechou com duas músicas que louvam o mais famoso ritmo pernambucano: Frevo Rasgado (Gilberto Gil e Bruno Ferreira) e Passo de Anjo (João Lyra e Spok). Com isso, fica evidente o quanto o Duo Assad permanece atento a todas as novidades da música brasileira e que vão muito além do violão. Além disso, os frevos caíram tão bem no idioma do violão que em breve podem se tornar peças obrigatórias para o repertório de duo, assim como quase todos os arranjos e interpretações dos Assad.
Nesta quinta-feira (23), o festival prossegue com show do PianOrquestra, Badi Assad e Carolina Assad. Na sexta (24) é a vez de Renato Borgheth e Grupo. Já o final de semana há shows com o Trio Madeira Brasil e Mestre Siqueira (sábado) e Yamandu Costa (domingo).