Concertos presenciais de violão da AV-RIO são retomados em abril
(Nicolas Porto Silva)
Por Fábio Carrilho
A Associação de Violão do Rio de Janeiro (AV-Rio) volta aos palcos cariocas a partir de abril com duas séries de concertos. A primeira é a já tradicional "Violões da AV-Rio", que trará vencedores de edições passadas de concursos promovidos pela entidade juntamente com a Classe de Violão da UNIRIO. E a segunda é a série "Cordofones", encabeçada por Nicolas de Souza Barros, coordenador artístico da AV-Rio e professor de Violão da UNIRIO, que se apresentará com variados instrumentos de cordas dedilhadas, como violão de sete cordas, guitarra romântica e violão de cordas de aço.
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Desde 2020 eles foram obrigados a interromper o modelo presencial, embora continuassem trabalhando. “Realizamos dois concursos nacionais online, ambos de alto nível e com jurados de várias partes do país, publicamos uma série de concertos gravados, restabelecemos o site da AV-RIO e inauguramos nosso canal do YouTube", comenta Barros, responsável pela organização e curadoria.
As transmissões online dos recitais continuarão acontecendo, agora em tempo real pelo canal do Facebook da associação, mas com um grande trunfo: o retorno à Sala das Sessões do Centro Cultural Justiça Federal, na Cinelândia. "É um dos melhores espaços para recitais de violão no país. Lá funcionava o Supremo Tribunal Federal quando o Rio era a capital nacional. O pé direito tem aproximadamente oito metros, tudo de madeira e com uma acústica muito boa, além de pinturas em todos os cantos, inclusive no teto", descreve.
Para a série "Violões da AV-Rio", a programação inicia com o concerto de Nicolas Porto Silva (02 de abril), seguido pelos de Richard Martin (07 de maio), Cyro Delvizio (04 de junho); da Classe de Violão da UNIRIO (02 de julho) e finalizando com o de Jean Lopes Baiano (06 de agosto). Os recitais da série "Cordofones" serão em datas intercaladas aos da "Violões da AV-Rio", acontecendo nos dias 30 de abril, 27 de agosto e 26 de setembro.
(Richard Martin)
Vencedor do I Concurso Virtual de Violão da AV-Rio, realizado em 2020, Nicolas Porto Silva, um dos grandes colecionadores de prêmios nacionais da sua geração, fará um recital com programa vigoroso. "Este recital terá a estreia mundial do Acalanto, de João Luiz; a linda e dificílima Introduction et Caprice Op. 23, de Giulio Regond (1822-1872), a íntegra da Sonata para Violão Op. 77, de Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968), além de obras de Manuel Ponce (1882-1948) e Carlos Alberto Pinto Fonseca (1933-2006). Um dos programas mais interessantes desses 20 anos da Série", analisa Souza Barros.
Outro premiado violonista, o carioca Richard Martin, apresentará na edição de maio obras pouco executadas nos palcos, como a Premiére Grande Polonaise Op. 24, do violonista e compositor polonês Jan Nepomucen Bobrowicz (1805-1881) e a íntegra da Sonatina, do argentino Jorge Morel (1931-2021), assim como obras de Assad, Brouwer, Scarlatti e Mertz.
(Cyro Delvizio)
Em junho, o destaque será o experiente violonista e compositor Cyro Delvizio, que foi vencedor nos idos de 2008 do concurso "IV Seleção de Novos Talentos" da AV-Rio. No recital, o músico apresentará obras de Agustín Barrios (1885-1944) e Francisco Mignone (1897-1986), duas de suas especialidades. "São dois compositores que fazem parte da minha história como violonista, especificamente Barrios, que foi tema da minha dissertação de mestrado, e que virou o livro 'Agustin Barrios no País do Sonho: A incrível jornada de um violonista paraguaio pelo Brasil".
Na sessão dedicada a Mignone, estarão no programa os 12 Estudos do compositor paulistano. Este ciclo de peças foi o foco da tese de doutorado defendida por Delvizio na Universidade de São Paulo. “São peças de grande interesse e dificuldade técnica, mas poucos visitados pelos violonistas", diz o músico.
Fecham a série os recitais da Classe de Violão da UNIRIO (em julho) e de Jean Lopes Baiano (agosto). A programação dos alunos da universidade fluminense, que estão no momento retornando de férias, ainda não está definida, revela Nicolas de Souza Barros, que leciona violão nesta instituição juntamente com Clayton Vetromilla, que assumiu o posto de Maria Haro, figura presente desde o início no curso criado por Turíbio Santos e que se aposentou em 2019.
(Jean Lopes Baiano)
Violonista de Porto Seguro e formado nas cadeiras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jean Lopes Baiano, que foi aluno de Paulo Inda e Daniel Wolff, tem atuado intensamente como compositor e apresentará recital com obras de sua autoria.
Cordofones
A segunda série programada para este ano é a "Cordofones", que destaca a vivência de Nicolas de Souza Barros com instrumentos variados de cordas dedilhadas. "Em 1993, defendi minha tese de mestrado sobre a adaptação das obras para alaúde de J. S. Bach para o alto guitar, o violão de 11 cordas. Mas desde os anos 1970 toco cordofones dedilhados antigos, como alaúde renascentista, vihuela, guitarra e alaúde barroco. Também já gravei três álbuns com violão de 8 cordas", recorda Souza Barros.
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Um dos diferenciais que estará presente nos dois primeiros recitais é o violão de sete cordas, instrumento arraigado na cultura brasileira, porém praticamente inédito nos palcos pelas mãos do violonista. "Não imaginava a surpresa causada pelas possibilidades do violão de sete cordas, que conheci somente em maio de 2021 e que desde então passei a fazer uma série de arranjos para ele. Acho o instrumento mais eficaz e mais fácil de aprender do que as outras variantes, como o violão de 8 cordas ou o alto guitar. Minha constatação é de que este instrumento pode ser um divisor de águas para o violão erudito", analisa.
No programa para violão de sete cordas, Souza Barros reservou espaço na edição de abril para a obra de J.S. Bach. "Farei a Tocatta e Fuga da BWV 565, a integral da 'Sonata BWV 1001, a Fuga - BWV 998 e os três movimentos iniciais da Partita 1006a", antecipa. Segundo o violonista, um detalhe curioso é que em todas as obras as tonalidades são mais graves do que as utilizadas geralmente no violão de seis cordas. "O aproveitamento da primeira posição do braço do violão de sete cordas facilita bastante a execução", justifica sua escolha pelos tons mais baixos. Em agosto, Souza Barros retoma trazendo repertório eclético, indo de John Dowland (1563-1623) e Ludwig Van Beethoven (1770-1827) a Astor Piazzolla (1921-1992) e Marco Pereira.
O recital de encerramento da série "Cordofones" segue por outras direções, trazendo a guitarra romântica e o violão de cordas de aço. Na primeira parte do programa, Nicolas de Souza Barros usará um instrumento de seis cordas do luthier tcheco Jan Tulácek e se concentrará principalmente em obras brasileiras do repertório de Padre José Maurício (1767-1830), Arthur Napoleão (1843-1925) e Ernesto Nazareth (1863-1934). São compositores cujos arranjos Souza Barros publicou no excelente livro O Violão Brasileiro no Século XIX e a Belle Époque (disponível exclusivamente na Loja Violão Brasileiro).
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Na segunda parte do recital, o destaque serão os arranjos para violão de cordas de aço. "Nas minhas pesquisas, acabei descobrindo um mundo extremamente rico de afinações variantes e também uma corrente que hoje em dia se chama de 'música celta'. Fiquei encantado com essas afinações como o DADGAD e acabei comprando um bom instrumento de cordas de aço", conta Souza Barros, que tem utilizado um instrumento Taylor Academy 10c. "Tenho feito o mais difícil, que são os arranjos autorais de música celta e também de música folclórica brasileira".
Para o financiamento de ambas as séries e também dos concursos, o músico tem ressaltado a importância das doações do público. "Temos pedido doações para ajudar nos custos dos recitais dos artistas convidados de fora do Estado e também nos prêmios dos concursos. Nossos associados doadores receberão gratuidade para ambas as séries e a anuidade solicitada é de R$ 200,00", explica Souza Barros. Aos interessados em colaborar, o e-mail de contato é o do próprio violonista: nicolassouzabarros@gmail.com.
(Nicolas de Souza Barros)
Serviço
Série Violões da AV-Rio 2022
. 02 de Abril. Nicolas Porto Silva (SP-AL). Ganhador do I Concurso Virtual de Violão da AV-Rio (I CNVV; 2020). Obras de Tedesco, Regondi, C. A. P. Fonseca e João Luiz.
. 07 de Maio. Richard Martin. Obras de Domenico Scarlatti, Bobrowicz e Jorge Morel.
. 04 de junho. Cyro Delvizio. Obras de Francisco Mignone, Augustin Barrios e Cyro Delvizio.
. 02 de julho. Classe de Violão da UNIRIO
. 06 de agosto. Jean Lopes Baiano (RGS). Ganhador do II Concurso Virtual de Violão da AV-Rio (II CNVV; 2021). Obras de Jean Lopes Baiano.
Série Cordofones
. 30 de abril. Obras de J. S. Bach. Nicolas de Souza Barros: violão de 7 cordas
Obras originais para violino (BWV 1001), alaúde barroco (Fuga BWV 998), violino / alaúde barroco (Partita 1006a) e órgão (Tocata e Fuga BWV 565).
. 27 de agosto. O violão de 7 cordas: obras dos séculos XVI, XVIII, XIX e XX. Nicolas de Souza Barros. Obras de John Dowland, H. I. F. von Biber, L. van Beethoven, I. Albeniz, Astor Piazzolla e Marco Pereira.
. 26 de novembro. Obras do século XIX e música celta. Nicolas de Souza Barros: guitarra romântica e o violão de cordas de aço. Obras de Padre José Mauricio, Arthur Napoleão, J. K. Mertz e Ernesto Nazareth. Na segunda parte do recital, repertório e afinações alternativas da tradição celta.
Local
Sala das Sessões do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF)
Av. Rio Branco, 241(ao lado do Metrô Cinelândia)
Rio De Janeiro / RJ
Horário: 17h
Entradas: R$10 e R$ 5 (estudantes e terceira idade)