Como professor, Leo Soares foi um formador de gerações de violonistas
(Leo Soares sendo homenageado na AV Rio. Em pé começando pelo lado esquerdo: Filipe Freire/ Augusto Cézar Cornélius/ Chuang You Ting / Maria Haro / Paulo Aragão/ Ricardo Dias / Luis Carlos Barbieri/ Adriana Balleste/ Marcos Farina. Sentados ou ajoelhados, começando pelo lado esquerdo: Desconhecido / Léo Soares / Fábio Adour/ Nicolas de Souza)
Por Nicolas de Souza Barros
Leo Soares (1943-2024) foi meu primeiro professor formal de violão erudito. Já tendo tocado folk norte-americano e piano, estudei com ele em 1973 e a sua simpatia e vivacidade - além de um profundo conhecimento da expressividade e da técnica violonística - me encantaram a ponto de poucos meses após este início, eu estar estudando oito horas por dia. Inclusive, fazia duas aulas semanais. Isso foi inicialmente nos Seminários de Música Pro-Arte, onde eu passei a lecionar na década de 1980.
Chegamos a gravar um programa na TV Educativa, na série de Ailton Escobar. Duo de alaúdes. Isso na década de 1970, quando era enorme a influência de Julian Bream no meio violonístico mundial. E me recordo de que menos de dois anos depois de eu ter iniciado com Leo, ele me deixou como seu substituto, ensinando na sua casa quando foi participar de algum festival em outro estado.
Devo muito do que sou hoje a Leo porque ele me mostrou a metodologia escalar AMI de Narciso Yepes. Isso nos anos 1970. Quando finalmente decidi por uma temática para o meu doutorado, concluído em 2008, escolhi um caminho parecido, que podemos ver pelo nome da tese Tradição e inovação no estudo da velocidade escalar ao violão. A inovação, neste caso, era a junção da técnica AMI de Yepes com a técnica PMI inicialmente elaborado por um violonista norte-americano no final do século XIX. Finalmente, podemos colocar Leo no patamar dos grandes didatas que tivemos no Brasil na segunda metade do século XX.
Formador de gerações
Como didatas, ele, Turíbio Santos, Jodacil Damaceno, Henrique Pinto e outros, estabelecem as conexões entre a gênese de um violão mais erudito brasileiro, que no sudeste brasileiro é representado no seu início por Isaías Sávio e Antônio Rebelo. Certamente, estou esquecendo alguns nomes.
Neste recital que Associação de Violão do Rio realizou homenageando o Leo em 2023, vem primeiro os dinossauros (década de 70), como eu e Marcos Farina, depois alunos da década de 80, como a Maria Haro, Paulo Pedrassoli, Luis Carlos Barbieri e Bartolomeu Wiese; na década de 90, temos Zé Paulo Becker, Paulo Aragão, o Quarteto Maogani e Marcus Tardelli; na década de 2000, Vinícius Perez. E o que eu estou esquecendo é uma grandeza!!
Então recomendo que vocês deem um pulo no vídeo do recital da homenagem da AV-Rio (Canal YouTube da AV-Rio) no qual Leo esteve presente com sua família. Teve um prólogo muito eloquente de um ex-aluno, Filipe Freire. E todos que tocaram no recital falaram a respeito da importância de Leo Soares nas suas vidas, como amigo, professor e violonista.