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Com a morte de Sérgio Abreu, o violão clássico brasileiro perde seu maior inspirador, diz Sergio Assad

Postado em Cartas de amor em 20/01/2023

(Sergio Assad e Sérgio Abreu)

Por Sergio Assad*

O violão clássico brasileiro perdeu aquele que foi o seu maior inspirador. Falar bem de Sérgio Abreu trata-se de redundância. Todos que conviveram com ele sabem da sua extrema generosidade, da sua aguçada inteligência e sabedoria.

Quando meu irmão Odair e eu chegamos ao Rio em 1969 pra estudar com a Monina Távora, mesma professora dos Irmãos Abreu, nós já havíamos sido tocados pela magia musical deles.

Na realidade o que nos levou ao Rio foi exatamente a existência do Duo Abreu, que havia atingido ainda nos anos 1960 um nível sem precedentes na história do violão clássico no Brasil. Posso afirmar então que a existência do Sérgio tenha sido um fator muito importante na na trajetória musical do Duo Assad.

(Os garotos Odair e Sergio com o pai, Jorge Assad ao bandolim, em programa - Crédito: foto do site Assad Brothers)

Em 1969 nem instrumentos decentes nós tínhamos. Por algum tempo nós utilizamos dois violões que o Sérgio nos emprestou. Eram um Do Souto e um Del Vecchio. Ele nos dizia regularmente que nós precisaríamos de bons violões se quiséssemos entender a sonoridade do instrumento. Bem mais tarde, creio que em 1975, nós compramos dois violões do próprio Sérgio que ele nos passou por um preço camarada. Eram um Romanillos e um Rubio que nós usamos por bastante tempo.

Quisemos a um certo momento, quando a Monina regressou a Argentina em 1975, ter aulas com ele, mas ele dizia que não tinha interesse em dar aulas embora tenha chegado a me ouvir e tenha me dado alguns conselhos valiosíssimos.

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Discografia Duo Abreu

Trajetória Duo Assad

Além de uma qualidade superior como intérprete, o grande legado que o Sérgio nos deixou foi o de deixar bem claro que para se construir um repertório próprio é necessário desenvolver um trabalho como arranjador. Sérgio era um excelente arranjador e deixou uma grande quantidade de adaptações para dois violões que cobre vários períodos da História musical.

(Odair Assad, Sérgio Abreu e Sergio Assad)

Eu entendi esta mensagem bem cedo e me esforcei também para criar os meus próprios arranjos que acabaram por culminar no meu trabalho como compositor.

Então eu acho que eu devo muito ao Sérgio por acender esta centelha que acabou por iluminar todo o meu caminho como músico.

Se vamos para algum lugar no após vida certamente o Sérgio terá um lugar muito especial condizente com o grande ser humano que ele foi. Salve Sérgio!

(Sérgio Abreu na casa de Maria Haro, novembro 2018 - crédito: Elisa Gaivota / Acervo Violão Brasileiro)

* Depoimento originalmente enviado por Sergio Assad ao amigo violonista e professor Luiz Tibana por whatsapp e publicado agora pelo Acervo Violão Brasileiro

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