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Choros paulistanos para violão do início do século 20 são analisados por Flavia Prando

Postado em Contos e Cantos do Violão em São Paulo em 09/10/2024

Choros paulistanos para violão do início do século 20 são analisados por Flavia Prando - Foto: Flavio Prando

(Flávia Prando)

Por Alessandro Soares

A pesquisadora e violonista Flávia Prando segue firme revelando novidades quanto à impressionante quantidade de obras inéditas e biografias de compositores que ela vem descobrindo. No campo da luteria também. Pois nesta quarta-feira (09/10), às 15h30, ela realiza o workshop musicado Os choros paulistanos para violão, no Auditório Zequinha de Abreu – EMESP Tom Jobim (Largo General Osório, 147, Luz), no centro de São Paulo. 

No encontro, Flavia vai abordar aspectos menos conhecidos desse período rico e diversificado da história paulistana, no contexto do início da fonografia (início do século XX), do surgimento da radiofonia na cidade (1924), indo até a década de 1930.

Choros paulistanos para violão do início do século 20 são analisados por Flavia Prando

Além da palestra, ela vai tocar três a quatro peças de compositores pioneiros, a exemplo de João dos Santos (1886-1950), Laroza Sobrinho (1905-1960) e Aimoré (1908-1979). São personagens e obras que ela descobriu em sua vasta pesquisa, dentro de um repertório recuperado através de gravações e partituras manuscritas e impressas, que formam a série de livros de partitura e o álbum digital Violões na Velha São Paulo.

O workshop integra o projeto Contos e Cantos do Violão em São Paulo, realizado pelo Acervo Violão Brasileiro e contemplado pelo Edital ProAc edital 45/2023.

No evento desta quarta (09/10), Flavia vai destacar diferenças e peculiaridades entre o choro produzido em São Paulo e o choro carioca, que era considerado modelo. “Depois, a partir dos anos 1920 e 1930, com o sucesso das emissoras de rádio, o choro do Rio passa a influenciar os paulistas também. Mas no começo do século 20 o gênero do choro em São Paulo tem formato mais curto, de duas partes. Enquanto na então Capital Federal os temas tinham três partes e a coisa toda”, compara.

Choros paulistanos para violão do início do século 20 são analisados por Flavia Prando

Prando exemplifica isso citando grandes compositores paulistas, que nem Garoto (1915-1955), Aimoré e Antônio Rago (1916-2008). “Os choros criados por eles são de duas partes, inclusive a maioria dos temas compostos por Armando Neves (1902-1976), exceto talvez nas parcerias com João Pernambuco (1883-1947). João é essa figura que influencia muitos compositores, em várias partes do Brasil”.

Há também outras características que diferenciam esse tipo de música instrumental na terra da garoa e em terras fluminenses, segundo Flávia Pranto. “Além de serem mais curtas, as músicas produzidas em São Paulo são na forma ABA, ao invés da forma rondó. E há predominância da tonalidade menor. “É um choro mais nostálgico, que tem a ver com as tradições mais rurais e também com essa grande influência italiana, que incorporou as modinhas, os tanguinhos e da serenata, das coisas plangentes. Esse aspecto é até citado pelo cavaquinista e pesquisador carioca Henrique Cazes”. Flavia lembra ainda o quanto os italianos foram os primeiros membros das rodas de choro em São Paulo, ao contrário do Rio.

Choros paulistanos para violão do início do século 20 são analisados por Flavia Prando

Entre outras particularidades, Flavia destaca ainda que o choro paulistano tem instrumentação diferente, com a presença de violino e acordeon, incorporados aos conjuntos de choro. “Isso interfere para que o choro de São Paulo seja menos sincopado que o choro carioca. Essas são algumas diferenciações observadas não apenas por mim, mas também por outros pesquisadores.

Tais distinções começam a mudar um pouco a partir dos anos 1940, com a consolidação da indústria fonográfica e da chamada Era de Ouro do rádio, em a música brasileira como um todo passa ter forte influência da música produzida no Rio, que sediava as principais gravadoras e as emissoras de rádio mais potentes. “Depois disso, os choros vão ficar um tanto homogêneos. Mas ainda guarda alguma coisa de temática paulistana”.

Choros paulistanos para violão do início do século 20 são analisados por Flavia Prando

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