Acervo faz lançamento virtual do novo CD da Camerata de Violões
Nesta semana o Acervo Digital do Violão Brasileiro lança virtualmente o CD Suítes do Brasil, da Camerata de Violões, com produção independente. O disco homenageia a música brasileira em 16 faixas agrupadas em suítes, com peças de cinco compositores: Garoto, Nicanor Teixeira, Rogério Borda e Gaetano Galifi. O recital de lançamento é nesta quinta-feira (24), às 18 horas, na Livraria Cultura do centro do Rio de Janeiro (Teatro Eva Herz – Rua Senador Dantas, no 45). Ouça em primeira mão as faixas Meditação e Lamentos do Morro, da Suíte Anibal Augusto Sardinha (Garoto) clicando aqui. Leia a seguir o release do disco.
O violão ganha tratamento especial no terceiro CD da Camerata de Violões – Suítes do Brasil. O título deve-se à escolha do repertório, composto por suítes ou por obras assim organizadas pela Camerata. A partir das diversas possibilidades do instrumento, o grupo cria arranjos mais que inventivos para interpretar cinco compositores. O primeiro deles é Garoto (1915-1955), considerado o pai do violão moderno no Brasil e que neste ano comemoramos seu centenário de nascimento.
Em seguida vem Nicanor Teixeira, um dos grandes mestres e o único representante da sua geração ainda vivo. Há também peças de Rogério Borda, integrante da camerata e que tem ampla experiência em compor para grupos de cordas dedilhadas; além de Ernesto Nazareth, pianista, considerado símbolo da síntese musical brasileira; e Gaetano Galifi, dedicado violonista cujas composições trazem recursos inovadores para o instrumento.
A sonoridade de Suítes do Brasil desperta atenção aos diferentes timbres do violão, que a Camerata de Violões revela fazendo vigorar não só a melodia e os acompanhamentos, mas a polifonia das vozes, a conversa entre elas e os elementos percussivos que fazem nosso corpo pulsar em sintonia com cada música.
Integrantes
Comumente estruturada em arranjos para quatro naipes, a Camerata de Violões está organizada da seguinte maneira: O primeiro naipe, composto por Artur Gouvêa e Eduardo Gatto, está situado na região mais aguda do instrumento, a voz mais cantante. O segundo naipe, com Fábio Nin e Luciano Câmara, na região médio-aguda, costuma dialogar com os violões do 1º naipe.
O terceiro naipe, com Valmyr de Oliveira e Rogério Borda, exerce função de apoio dialogando com o quarto naipe, Elodie Bouny e Adriano Furtado situados na região grave fazendo a sustentação. Essa estrutura funciona para a grande maioria dos arranjos ou composições escritas para o grupo. Mas há também outras possíveis estruturas como, por exemplo, em oito vozes distintas.
Confira os detalhes de cada suíte:
Suíte Aníbal Augusto Sardinha (Garoto) congrega três músicas: Carioquinha, com arranjo de Adriano Furtado, um manso choro de desenho melódico harmonioso; Meditação, arranjo de Elodie Bouny, tem uma terna melodia que explora timbres e expressividade; e Lamentos do Morro, com arranjo de Valmyr de Oliveira, samba contagiante por sua intensa movimentação.
Suíte Nordestina foi composta por Nicanor Teixeira para quatro violões, e a formação em octeto da Camerata de violões amplifica sua sonoridade. João Benta no Forró, Procissão e Mariquinha Duas Covas ficam marcadas na memória por seu balanço e simplicidade
Suíte Solar é uma composição de Rogério Borda inspirada na região dos Lagos do Rio de Janeiro, que se apresenta em três movimentos: Dunas, Ciclo do Sol e Pássaros.
Suíte Ernesto Nazareth reúne as composições Electrica, singela valsa bem brasileira, com arranjo de Elodie Bouny; Tenebroso, tortuosa melodia que convoca ao suspense, arranjada por Fábio Nin; e Batuque, arranjo de Artur Gouvêa, cadência marcante mesmo para os que a ouvem pela primeira vez.
Canuã, A Lenda de um Guerreiro, de Gaetano Galifi, narra, como um épico musical o percurso do herói: Os Deuses Enviam Canuã, Canuã Torna-se Guerreiro, Os Espíritos Preparam Canuã e Canuã Liberta Seu Povo. A suíte utiliza recursos pouco usuais no violão, ampliando suas fronteiras tímbricas, com um resultado sonoro surpreendente.
Origem
A Camerata de Violões nasceu numa reunião de professores do Conservatório Brasileiro de Música e ganhou espaço no cenário musical com vibrantes interpretações de um repertório brasileiro de altíssima qualidade. O primeiro CD, lançado em 2001, recebeu referências elogiosas da crítica especializada nacional e internacional. A revista inglesa Classical Guitar referiu-se ao conjunto como “uma orquestra de violões que produz um som deslumbrante”.
Com apresentações em diversos estados brasileiros, a Camerata de Violões vem conquistando a admiração do público e de grandes músicos como Hermeto Pascoal, que já dedicou uma composição inédita ao octeto. O segundo CD do grupo foi gravado e lançado pela gravadora Biscoito Fino, e obteve indicação ao Grammy 2009 na categoria melhor álbum instrumental.