Pixinguinha e Dino Sete Cordas: reflexões sobre a improvisação no choro - José Reis de Geus
2009RESUMO: O choro consiste em um movimento de expressão musical da cultura popular carioca nascido ao final do século XIX, constituindo-se a partir de um processo gradativo de abrasileiramento de gêneros europeus executados de uma forma sincopada, destinados à prática da dança. Consolida-se enquanto gênero musical a partir das primeiras décadas do século XX, tendo ampla veiculação durante a chamada Era do Rádio (1930-1945) através de uma formação instrumental que ficou conhecida como conjunto regional. Dentre os principais conjuntos da época destaca-se o Regional de Benedito Lacerada, através da atuação de dois de seus integrantes, Pixinguinha e Dino Sete Cordas, que constituem o foco deste trabalho.
Através da transcrição e análise das gravações executadas pelo Regional de Benedito Lacerda contidas no álbum Benedicto Lacerda e Pixinguinha (lançado em 1966 contendo gravações realizadas no período de 1946-1951), busca-se contextualizar a improvisação de Pixinguinha enquanto saxofonista. A influência de seu estilo interpretativo na performance violonística de Dino Sete Cordas pode ser constatada através das gravações junto ao Regional do Canhoto, contidas no álbum intitulado Choros Imortais (1964), tendo como solista o flautista Altamiro Carrilho, acompanhado pelo Regional do Canhoto. Constata-se em Pixinguinha um processo de improvisação fundamentado em uma prática pré-concebida, possivelmente em função das condições dos recursos tecnológicos dos estúdios da época. Devido entre outros fatores ao contato com Pixinguinha, Dino Sete Cordas consolidou ao longo de sua carreira um estilo interpretativo próprio, criando uma escola empírica baseada inicialmente na audição e imitação deste material fonográfico, que foi determinante tanto para a formação de novos instrumentistas como para o processo de sistematização do estudo do violão de sete cordas.
Cadastre-se para ter acesso ao download de arquivos exclusivos do portal.