Voltar
Laurindo Almeida - Música Brasileira, Identidade e Globalização, por Alexandre Francischini

Laurindo Almeida - Música Brasileira, Identidade e Globalização, por Alexandre Francischini

2012

Resumo: Conhecido por sua atuação como compositor, arranjador e instrumentista (violonista) no exterior, o brasileiro Laurindo Almeida (1917-1995) encontra-se em relativa “margem” de nossa historiografia musical, tanto erudita quanto popular. Um dos prováveis motivos: a suposta perda de vínculo do músico com as “coisas do Brasil” no campo musical, como resultado de sua emigração para Estados Unidos da América, país que escolhera para viver e exercer sua profissão a partir de 1947 – conforme argumento de parte de nossos historiadores e musicólogos.

Posto isto, no sentido de suprir esta lacuna historiográfica, propusemos primeiramente descortinar sua trajetória artista, traçar o seu “perfil identitário musical” e, por conseguinte, também averiguar a razão (ou as razões) desta situação marginal de sua carreira em terras brasileiras. Para tanto, dedicamos especial atenção às parcerias que o violonista estabeleceu ao longo de sua vida. No Brasil, dentre elas tiveram destaque Aníbal Augusto Sardinha, o “Garoto”, Carmem Miranda, Radamés Gnattali, e, por fim, Heitor Villa-Lobos. Nos EUA, destacamos o band lider Stan Kenton, David Raksin (maestro, compositor e arranjador de trilhas sonoras), e também Igor Stravinsky; personalidades com as quais trabalhou em diferentes momentos de sua trajetória artística.

Seu perfil identitário foi traçado, sobretudo, a partir da análise de sua produção musical gravada em disco, e também por meio do reconhecimento de concepção estética, bem como de determinadas estruturas musicais que, diante da sua recorrência, tomamos como características do violonista.

Contrariando o argumento supramencionado, procuramos demonstrar que Laurindo Almeida manteve sim, forte lastro com a música erudita e popular brasileira ao longo de toda a sua carreira no exterior. Porém, num contexto histórico já “globalizado”, que se vivia nos Estados Unidos, a identidade brasileira (destituída de sua hegemonia) foi assumida e articulada pelo violonista como mais uma, dentre outras importantes identificações, até mesmo como um recurso à notoriedade.

No tocante à relativa marginalização, acreditamos que a adoção contingencial de postura identitário-musical eclética, pluralista, condizente com o multifacetado mercado cultural norte-americano, entretanto, incondizente com a estética da pureza sobre a qual repousou o constructo hegemônico da identidade nacional brasileira no campo musical, explica, em grande parte, as razões pelas quais Laurindo Almeida permanece aquém dos anais de nossa historiografia da música brasileira. Para que fiquem demonstradas tais afirmações, nos forneceram subsídios teórico/metodológicos autores como Stuart Hall, E. J. Hobsbawm, R. Ortiz, N. Gárcia-Canclini e R. Chartier, entre outros.

Título: Laurindo Almeida – Música Brasileira, Identidade e Globalização
Autor: Alexandre Francischini

Orientador: Prof. Dr. Alberto T. Ikeda
Universidade Estadual Paulista, 2012

Ajude a preservar a memória da nossa cultura e a riqueza da música brasileira. Faça aqui sua doação.